Natureza sobrevive à ação humana e ainda ‘revela’ espécies inéditas ou em extinção

“Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A frase é um legado do francês Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794) e conceitua a renovação permanente do meio ambiente. E é em meio a essa transformação que ocorrem descobertas que ainda têm potencial para surpreender cientistas e pesquisadores, como espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção.

Em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, câmeras especiais instaladas pela Prefeitura mostraram duas espécies de animais que nunca tinham sido registradas anteriormente no Parque Natural Municipal (Parnit), unidade de conservação de proteção integral da cidade: um jacu (Penelope obscura), ave considerada extinta na Mata Atlântica há alguns anos, e um caxinguelê (Sciurus aestuans), um tipo de roedor.

As espécies estão ameaçadas de extinção por causa do desmatamento e da caça indiscriminada. Para o prefeito de Niterói, Axel Grael, “esses registros mostram que a fauna vem se restabelecendo gradativamente, à medida que o reflorestamento e o aumento de espécies nativas frutíferas se consolidam”.

“Quanto mais a floresta se regenera, maior a população de animais. Nossas áreas verdes são oportunidades de desenvolvimento econômico sustentável e de qualidade de vida para a sociedade”, destacou.

Árvores descobertas

Em relação ao reflorestamento supracitado, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Jardim Botânico também descobriram duas espécies de árvores nativas da Mata Atlântica brasileira, mas no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em Niterói. São elas a Eugenia delicata e Eugenia superba.

Em risco de extinção, essas novas árvores são do gênero Eugenia, um dos mais ricos e diversos da flora brasileira. De acordo com o cientista ambiental Vitor Ribeiro, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Eugenia é um gênero de plantas mirtáceas (Myrtaceae) e reconhecido por produzir flores ornamentais e frutos comestíveis, como a pitanga, a grumixama e a uvaia, por exemplo.

Os novos táxons Eugenia delicata e E. superba são propostos com base em levantamento bibliográfico, exame de espécimes de herbário e intenso trabalho de campo na área de estudo.

As árvores

O estudo da UFRJ explica que “E. delicata é atribuída a E. sect. Eugenia, semelhante a E. zanthoxyloides, mas diferindo por catáfilos elípticos estreitos restritos ao ápice de galhos jovens, caindo com a idade. Tem folhas em arranjo dístico, que racham facilmente ao toque quando secas, além de bractéolas amplamente ovadas, sobrepostas na base e ocultando o ovário. Seus frutos são alaranjados quando frescos, de polpa suculenta e sabor azedo, aromático”.

Já a E. Superba é atribuída a E. sect. phyllocalyx, semelhante a E. magni bracteolata, mas diferenciando-se por ser uma árvore caducifólia com casca de tronco lisa, marrom-clara quando florescendo e avermelhada quando frutificando. Também destacam-se lâminas finas como papel e lâminas foliares coriáceas com nervuras laterais pouco visíveis. São frutos maduros sub globosos, alaranjados quando frescos, de polpa suculenta e abundante e de agradável sabor agridoce.

Jacu

De acordo com o site “guia animal”, Penelope é do gênero de aves craciformes (anteriormente galliformes), que contém quinze espécies. O grupo é encontrado na América Central e América do Sul, onde habita zonas de florestas. No Brasil, recebem o nome popular de jacu ou cujá; nos Estados Unidos, são chamados de guans, e nos países de língua espanhola, de pava. Sete espécies ocorrem no Brasil.

Os jacus são aves de grande porte, que podem atingir até 85 cm de comprimento. A cauda é longa e arredondada, bem como as asas. O pescoço é relativamente longo e termina numa cabeça pequena. A pele em torno dos olhos está exposta e tem uma cor azulada, na maioria das espécies.

Os jacus também têm um papo vermelho e saliente na zona da garganta. A plumagem é uniforme e escura, em geral preta (ou uma cor ‘chumbo’) e com um aspecto escamado, por isso são chamados de Penelope obscura. Este efeito é produzido pelas penas do dorso e peito, que são debruadas a branco. A generalidade dos jacus tem patas avermelhadas.

Caxinguelê

Também chamado de “serelepe” e conhecido internacionalmente como “esquilo brasileiro”, o caxinguelê é oriundo do termo “quimbundo kaxinjiang’elê”, que significa “rato de palmeira”.

Em suma, trata-se de uma espécie de esquilo florestal que mede cerca de vinte centímetros de comprimento. É endêmico da América do Sul, podendo ser encontrado no Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela e nordeste da Argentina. Também é o único esquilo dos Pampas.

Esses pequenos animais vivem sozinhos ou em pares e podem viver até quinze anos. A fêmea fica prenhe uma vez por ano e tem de um a dois filhotes. Além das copas altas, o caxinguelê escolhe locais onde exista vegetação de idade avançada, para que haja ocos nas árvores, onde habitam, reproduzem-se, guardam os filhotes e estocam comida. As informações são do site ambiente brasil, que completa:

“O animal se alimenta de frutos e sementes duras, pois necessitam gastar os dentes que estão sempre crescendo. Outra característica é que ele é considerado um importante dispersor de sementes, pois possui o hábito de enterrá-las para depois comê-las.

Fonte: JB.

Imagem: Pixabay.