No Clube dos Grandes (Poluidores)

O Brasil chegou à Conferência do Clima, iniciada no domingo passado no Egito, com um recorde alarmante: o país foi responsável pela emissão de 2,42 bilhões de toneladas de CO2 em 2021.

Foi o maior aumento nas emissões nacionais nos últimos 19 anos. Com isso, entra no grupo dos cinco países que mais poluem o planeta, atrás de China, Estados Unidos, Índia e Rússia.

A COP27 reúne chefes de Estado e representantes da sociedade civil para discutir estratégias de enfrentamento à crise climática. O petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai ao evento como presidente eleito, a convite do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, naquele que será o seu primeiro evento da agenda ambiental após a eleição.

Durante a campanha, o petista se comprometeu a cumprir o Código Florestal para reduzir o desmatamento da Amazônia. Uma projeção de cientistas estima que, se Lula reduzir o desmatamento em níveis semelhantes aos dos seus dois primeiros governos, poderá poupar 75.960 km2 de floresta.

As emissões per capita são a quantidade de gases do efeito estufa emitida por pessoa em um país. Elas são calculadas dividindo o total de emissões do país por sua população. Em 2021, as emissões per capita no Brasil superaram 11t CO²/hab, cerca de 57% acima da média global. Para limitar o aumento da temperatura global em 1,5°C, a média de gases emitidos por habitante deve ser reduzida a 1 tonelada entre 2020 e 2100.

No ano passado, as emissões de gases do efeito estufa tiveram sua maior alta em quase vinte anos no território brasileiro. O desmatamento foi um dos principais responsáveis pela elevação nos números. O ano de 2021 foi o terceiro consecutivo de crescimento da área desmatada nos biomas brasileiros durante o governo de Jair Bolsonaro.

Foram emitidos 1,19 bilhão de toneladas brutas de gás carbônico neste período, cerca de 18,5% a mais que em 2020. O número é maior que toda a emissão do Japão e equivale a duas vezes as emissões da Arábia Saudita, dois dos países mais poluentes do mundo.

Segundo o relatório do Observatório do Clima, o agronegócio foi responsável pelas maiores emissões da série histórica. Em 2021, foram emitidas 601 milhões de toneladas pelo setor. A pecuária é responsável por 79,4% das emissões, com destaque para o metano produzido pelos arrotos do rebanho bovino. Na agricultura, a alta no uso de fertilizantes nitrogenados e o uso de calcário nas lavouras foram os principais fatores a influenciar no aumento.

Alguns fatores são responsáveis pela elevação das emissões no setor: a retomada das atividades pós-pandemia; a crise hídrica de 2021 no Centro-Sul, que paraçou o acionamento das termelétricas; e a queda da safra da cana no Sudeste, que reduziu a contribuição do biocombustível nos transportes.

Apesar de acompanhar a tendência mundial no pós-Covid, é o maior aumento percentual desde o “milagre econômico” da ditadura militar em 1973.

O governo de Jair Bolsonaro provocou uma destruição na Amazônia. Em três anos, 34.018 km2 de floresta foram dizimados — uma área maior que a Bélgica, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Entre 2003 e 2010, enquanto Lula esteve no comando do Planalto, o desmatamento na Amazônia caiu cerca de três quartos em relação ao pico de destruição. Se ele repetir o feito, poderá poupar 75.960 km2 de floresta, segundo uma projeção de pesquisadores da Universidade de Oxford, do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (Iiasa) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Fonte: Revista Piauí.

Imagem: Divulgação.