Novo estudo associa poluição do ar ao risco de problemas neurológicos

Um estudo de longo prazo realizado no Reino Unido aumenta o conjunto de pesquisas que associam a poluição ao declínio da saúde cerebral. O trabalho analisou dados de mais de 413 mil pessoas, com idade entre 40 e 69 anos, que participaram do projeto UK Biobank.

Todas elas não apresentavam problemas neurológicos inicialmente e, segundo o jornal The Guardian, tiveram a sua saúde monitorada com foco na associação entre os poluentes no ar e a transição de uma situação saudável para um acidente vascular cerebral, demência ou ambos. Também foram recolhidos dados sobre estilos de vida, incluindo tabagismo, prática de exercício físico, consumo de álcool, alimentação e condição socioeconômica.

Os resultados mostraram que, ao longo de 11 anos, 6.484 avaliados tiveram AVC, 3.813 desenvolveram demência e 376 tiveram AVC e, também, desenvolveram demência. A reportagem do jornal britânico destaca que, tendo levado em conta outros fatores de risco, os pesquisadores encontraram relações entre a exposição prolongada à poluição atmosférica e problemas de saúde cerebral.

“Essas novas descobertas ajudam a esclarecer como a poluição do ar desempenha um papel importante nas transições dinâmicas do acidente vascular cerebral e da demência, mesmo em concentrações abaixo dos atuais padrões de qualidade do ar do Reino Unido”, disse o professor Frank Kelly, do Imperial College London, da Inglaterra, que fez parte da equipe de estudo.

Ele acrescentou que a meta de poluição por partículas de acordo com a Lei Ambiental local é o dobro da diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS) e deve ser alcançada somente até 2040. “Não cumprir a diretriz da OMS o mais rápido possível significa que mais milhares de pessoas estão a caminho de desenvolver doenças graves, como acidente vascular cerebral e demência simplesmente porque não conseguem respirar ar puro.”

Em 2022, um comitê de especialistas do governo do Reino Unido revisou 69 estudos e concluiu que era provável que a poluição atmosférica acelerasse o declínio cognitivo em pessoas idosas e aumentasse o risco de demência. Uma revisão adicional posterior também destacou um número crescente de estudos sobre a poluição atmosférica deficiência cognitiva em indivíduos mais velhos.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Ed Jones/AFP.