As bicicletas compartilhadas, em especial as e-bikes, são grandes aliadas da transição energética na China e da melhora nos deslocamentos urbanos, sejam elas em cidades enormes como Pequim e Guangzhou, com mais de 15 milhões de habitantes, ou em Yichang, com cerca de 1,7 milhões.
As imagens de milhares de bicicletas abandonadas no início da implantação do sistema dockless (sem estações) já não fazem mais parte do cenário e o negócio é tão grande que hoje só a capital Pequim tem 1 milhão de bicicletas compartilhadas. A extensa frota nacional conta com 20 milhões dessas bicicletas distribuídas em 360 cidades, que são usadas cerca de 50 milhões de vezes por dia.
“O governo vem nos últimos anos promovendo de várias maneiras a cultura da bicicleta, como melhorar a infraestrutura, criar mais ciclovias, estacionamentos e também com o investimento nos sistemas de compartilhamento, tanto de e-bikes quanto das convencionais, que são uma oportunidade para quem não pode comprar uma bicicleta”, diz Qiu Yang Lu, engenheira de trânsito e representante do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) na China.
As transformações urbanas incluem ciclovias, mas também estruturas de conexão e principalmente a redistribuição do espaço como um todo, como no caso das chamadas vias verde ou greenways – uma combinação de ciclovias, calçadas, parques e playgrounds que redesenham regiões por inteiro. Em Guangzhou, o plano é construir 6.000 km dessas vias até 2025.
Para Yang Lu, boa parte do uso das elétricas na China está atrelado ao controle governamental sobre a posse de automóveis. “Antes de comprar um carro, o chinês precisa ter uma autorização do governo para adquirir uma placa, controlando assim a quantidade de automóveis nas cidades”, explica. É como um sorteio: você se inscreve, recebe um número aleatório e apenas poucas pessoas são escolhidas. Muitos esperam anos e ainda não conseguem uma placa para poder comprar um carro.
Nas cidades menores da China, onde o controle de automóveis não é tão rigoroso, as bicicletas elétricas são muito comuns devido à limitação dos serviços de transporte público. Nessas áreas, as pessoas dependem das e-bikes para sua mobilidade diária.
“A popularidade das bicicletas elétricas também é influenciada pela eficiência e custo-benefício em comparação ao transporte público e aos automóveis”, continua Qiu Yang Lu. “O transporte público pode ser mais lento e mais caro que as bicicletas elétricas, cujo preço de compra é bastante acessível, podendo ser menos de 2.000 yuans chineses [300 dólares]. As e-bikes são ainda mais baratas que as bicicletas convencionais”, conclui.
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Fontes: Bicicleta News, Aliança Bike.