Locais mais remotos da Terra: o Cabo Horn, a Fossa das Marianas, no Pacífico, e o pico do Everest. Todos estão repletos de lixo, resultado do desperdício global e do descarte irresponsável, problemas crônicos da nossa geração. Além do excesso de plástico, pesquisadores encontraram outros tipos de lixo, como altas concentrações de PCB e PBDE, produtos químicos tóxicos, em pequenos anfípodes na Fossa das Marianas. No Everest, a situação é ainda mais chocante: mais de 200 cadáveres e cerca de 6 mil quilos de fezes humanas por ano, além de outros detritos, poluem a montanha. Diante dessas descobertas percebemos a urgência de avaliar o desperdício mundial frente ao consumismo.
20% das emissões de metano relacionadas vêm de resíduos
O aquecimento global e suas consequências mostra uma tendência das pessoas em não considerar aquilo uma responsabilidade sua. Pode ser um problema do mundo, ou de governos, mas quase nunca as pessoas se veem como causadoras do imbróglio.
Contudo, as alterações climáticas são reais e as atividades humanas são a causa principal. Para evitar o aquecimento é preciso reduzir as emissões a cada ano, mas, ao contrário do que pregam cientistas, tem aumentado as emissões.
O mundo produz mais de 2,1 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos anualmente, que geram 20% do metano, um gás 80 vezes mais poderoso que o dióxido de carbono. Um relatório da ONU sugere que serão 3,8 bilhões de toneladas até 2050.
Os estudos atuais enfatizam que o lixo contribui para a tripla crise planetária: a das alterações climáticas, poluição, e perda de biodiversidade. E lembra que, em 2020, 38% de todos os resíduos sólidos urbanos, cerca de 810 milhões de toneladas, ficaram sem controle, sendo descartados no ambiente ou queimados a céu aberto. Quanto disso vem do desperdício mundial? Difícil saber. Mas sabe-se que não existe desperdício sem consumismo, um é consequência do outro.
Segundo o The World Counts, em 2017 havia 3,5 bilhões de consumidores. Até 2030, prevê, o número será de 5,6 bilhões de pessoas. Mais pessoas que compram mais produtos significam que mais recursos naturais são necessários e mais resíduos são produzidos.
Os truques que levam ao consumismo
A indústria e o comércio mundiais inundam o dia a dia da população com apelos que acabam desaguando no consumismo. Dia do professor, dia das mães ou dos pais, dia dos namorados, sem falar nas festas de Natal, de Ação de Graças, o Chanucá celebrado pela comunidade judaica, o Diwali, importante festa hindu, ou o Ano Novo Chinês. Em todas o costume é dar presentes e comer demais.
Para se ter ideia do que estas datas produzem entre consumo, desperdício, e emissões, um estudo da Biffa, empresa de gestão de resíduos, revelou que no período natalino no Reino Unido acontece um aumento de 30% na quantidade de resíduos produzidos. Isso inclui cerca de 365 mil quilômetros de papel de embrulho não reciclável, suficiente para circundar a linha do equador (40.075 km) nove vezes, e um bilhão de cartões de Natal descartados.
Comida e energia desperdiçadas no Natal
Outra pesquisa, do jornal inglês The Independent, revelou que os ‘consumistas’ no Reino Unido jogam fora cerca de quatro milhões de quilos de comida de Natal a cada ano. Isso equivale a 263.000 perus, 7,5 milhões de tortas e 11,3 milhões de batatas assadas.
Um dado que chama a atenção é o desperdício na época do Natal e Ação de Graças nos Estados Unidos. Matéria do New York Times revelou, com dados de 2008, que as luzes festivas no país consumiram mais eletricidade do que todo o consumo anual de El Salvador!
O custo do lixo mundial
O relatório da ONU revela o custo do lixo no mundo. Em 2020, o custo direto global da gestão de resíduos foi estimado em US$ 252 bilhões. No entanto, ao considerar os custos ocultos da poluição, a saúde precária e as mudanças climáticas de práticas de descarte de resíduos, o custo aumenta para US$ 361 bilhões.
Por outro lado, os efeitos negativos do consumismo incluem a geração de enormes quantidades de resíduos, o esgotamento dos recursos naturais e a poluição da Terra. Se todos vivessem como os consumidores ocidentais, seria preciso de até 5 planetas para apoiar e absorver esses resíduos.
Fonte: Mar Sem Fim.
Foto: www.sensoneo.com.