O futuro do vinho na crise climática

O calor e a seca cada vez mais intensos e frequentes têm afetado a produção de vinho em alguns países. Um deles é o Reino Unido, onde os vinicultores têm dito que, na maioria dos anos, é impossível fazer os vinhos como eles costumavam fazer antigamente, segundo reportagem do The Guardian. Cada ano que passa aproxima os produtores do ponto em que eles podem não conseguir fazer vinho de jeito nenhum.

Nos últimos dois anos, grandes incêndios florestais devastaram milhares de hectares de vinhedos, casas e vinícolas na Austrália, nos Estados Unidos (Califórnia) e em grande parte da Europa mediterrânea. O outro extremo de temperatura também é um problema. Em 2021, uma geada no final da primavera reduziu as colheitas em até 80% em Loire e Borgonha, entre outras regiões francesas.

Para minimizar os efeitos do aquecimento global no cultivo de uvas e nas vendas dos vinhos, os produtores estão buscando alternativas, como plantar frutas mais adaptadas ao calor (tipo a grenache, uma variedade de uva vermelha mediterrânea), encontrar locais mais frios em altitudes altas ou perto do mar, podar mais tarde e colher mais cedo, e proteger e nutrir as vinhas mais velhas, que parecem lidar com a seca e o calor melhor do que as mais novas.

Os apreciadores de vinho também vão precisar se adaptar a algumas mudanças aparentemente irreversíveis na bebida, que incluem a ausência do antigo frescor e finesse e um excesso de álcool, segundo David Williams, colunista do jornal especializado em vinhos. A saída é buscar por produtos de vinhedos que antes eram considerados marginais e que hoje são comercialmente confiáveis ou procurar safras raras produzidas em regiões mais frias, como o Tamar Ridge Devil’s Corner Pinot Noir, da Tasmânia, Austrália, e o Sierra de Toloño Rioja Alavesa, de Rioja, na Espanha. Até quando essas opções estarão disponíveis, não se sabe. Então, se você gosta de uma tacinha à noite, está aí um incentivo para fazer sua parte contra a crise climática.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Divulgação.