O que é a Pegada Hídrica?

Pegada Hídrica é o rastro que deixamos ao consumir água direta e indiretamente. E o consumo de água no planeta está ligado às diversas funções da água, tanto no cotidiano das pessoas, como na produção de alimentos, roupas, papel e entre outros.

E a quantidade de água usada para esses meios é enorme e muitas vezes desproporcional. Para produzir um quilo de carne bovina, por exemplo, são gastos 15,5 mil litros de água, um pouco mais que os dez mil litros de água gastos para fazer um quilo de algodão. Esses são dados da Water Footprint, organização internacional sem fins lucrativos que promove estudos relacionados ao consumo de água.

.Conforme dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), para produzir um litro de leite são utilizados 1.000 litros de água. Sabemos desse dado graças à pegada hídrica (PH), um conceito que mede o consumo de água de um bem ou serviço e cujo objetivo é conscientizar sobre seu uso racional, especialmente agora que se torna mais escassa em função das mudanças climáticas e do aumento da população.

Os produtos que usamos, a roupa que vestimos e a comida com a qual nos alimentamos precisam de água para sua fabricação ou produção. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula, por exemplo, que em um hábito diário, como é o caso de uma ducha de 10 minutos, são consumidos 200 litros de água. Como consequência desta e de outras atividades, uma pessoa consome em média/ano 1.385 metros cúbicos de água conforme os estudos de referência a nível mundial elaborados pelos pesquisadores Arjen Hoekstra e Mesfin Mekonnen.

No Brasil, o consumo de água é de 2027 metros cúbicos per capita ao ano e ainda tem 9% da sua pegada hídrica total fora das fronteiras do país, ou seja, exportamos água por meio de nossos produtos.

A pergunta que surge ao vermos estes números é: o ser humano pode continuar consumindo tanta água? Convém termos em conta que este recurso, elemento do qual dependem todas as formas de vida da Terra, é cada vez mais escasso devido às mudanças climáticas, à poluição da água e ao aumento da população que, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), será de quase 10 bilhões de pessoas em 2050.

O que é a Pegada Hídrica e para que Serve

De modo similar à Pegada de Carbono, a Huella Hídrica (HH) é um indicador ambiental que mede o volume de água doce (litros ou metros cúbicos) utilizado ao longo de toda a cadeia de produção de um bem de consumo ou serviço. Pode ser usada para medir o consumo de água de quase qualquer coisa: desde a fabricação de umas calças até o consumo total de um país, passando por uma colheita ou pelas atividades anuais de uma empresa.

O conceito de “pegada hídrica” foi criado em 2002 por Arjen Hoekstra enquanto trabalhava no Instituto UNESCO-IHE para a Educação em Recursos Hídricos (UNESCO-IHE Institute para Water Education). Mais tarde, em 2008, em função do crescente interesse da indústria na pegada hídrica, fundou a Water Footprint Network em conjunto com figuras destacadas do mundo empresarial, da sociedade civil e do mundo acadêmico. Em linhas gerais, o objetivo da pegada hídrica é criar consciência sobre o enorme volume de água exigido pelos nossos processos de produção e hábitos de vida com a meta de promover um uso racional e sustentável

pegada é dividida em três tipos: a azul, que mede o volume das águas de rios, lagos e lençóis freáticos, usualmente utilizadas na irrigação, processamentos diversos, lavagens e refrigeração; a pegada hídrica verde, que se relaciona à água das chuvas, necessária ao crescimento das plantas; e a pegada hídrica cinza, que mede o volume necessário para diluição de um determinado poluente até que a água em que este efluente foi misturado retorne a condições aceitáveis, de acordo com padrões de qualidade estabelecidos.

Gasto invisível

A maior preocupação do indicador é pelo fato desse consumo ocorrer de duas formas: a direta, quando alguém abre a torneira para realizar alguma ação; ou a indireta, via aquisição de objetos de consumo, como roupas, produtos alimentícios, etc. O problema dessa segunda forma é que ela passa despercebida pelas pessoas.

Isso porque não é intuitivo que, ao consumirmos os produtos, neles estejam embutidas enormes quantidades de água para sua produção. Segundo dados do estudo “Água: Debate estratégico para brasileiros e angolanos“, feito pelo professor doutor Maurício Waldman, da USP, a agricultura é, de longe, a que mais gasta água (entre 65% e 70% do consumo), seguida pela indústria (24%) e pelo uso doméstico (entre 8% e 10%).

Por isso a importância desse indicador, que alerta para o gasto “oculto” de água e busca conscientizar as pessoas que o fator da água é muito relevante nas opções de consumo de cada um. Para tornar mais clara essa relação entre consumidor e produto, a pegada hídrica propõe mostrar o volume de água gasto em cada produto, oferecendo condições ao consumidor de optar pelo produto que se apresente como mais econômico e, como consequência, seja uma maneira de estimular fabricantes a reduzir, em seus processos de produção, o uso desse recurso tão importante.

Exigências

Outra ideia da organização é criar um projeto de lei que obrigue os fabricantes a apresentarem, nas embalagens dos seus produtos, rótulos indicando a quantidade de água gasta em sua produção. Essas propostas da organização surgem na tentativa de reduzir problemas relacionados à escassez de água, que segundo relatório da Water Footprint, chega a afetar, pelo menos um mês por ano, mais de 2,7 bilhões de pessoas.

E essa preocupação quanto à pegada hídrica deve compreender a origem, a quantidade e a qualidade da água, pois é muito importante observá-la a partir dos mananciais e rios, que marcam o início de sua trajetória. Isso porque em caso de contaminação por resíduos mal depositados ou problemas em tubulações, a água contaminada tende a espalhar-se por residências, com efeitos imprevisíveis ao ser consumida.

Além das ideias apresentadas pela organização, a diminuição no consumo e maior conscientização da população podem se dar pelo surgimento de novas tecnologias capazes de criar meios para economia, como sensores de presença que suspendem a vazão quando ela não é necessária, captação de água da chuva, temporizadores, dentre outras alternativas para o consumo mais responsável.

A pergunta que surge ao vermos estes números é: o ser humano pode continuar consumindo tanta água? Convém termos em conta que este recurso, elemento do qual dependem todas as formas de vida da Terra, é cada vez mais escasso devido às mudanças climáticas, à poluição da água e ao aumento da população que, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), será de quase 10 bilhões de pessoas em 2050.

Como a Pegada Hídrica é Medida

Por exemplo, a pegada hídrica de um país está determinada por quatro fatores que revisaremos a seguir:

Volume total do consumo

Evidentemente existe uma correlação entre o Produto Interno Bruto (PIB) de um país e sua pegada hídrica. Quanto maior o PIB, maior será a pegada hídrica.

Padrões de consumo

Os hábitos de consumo de um país condicionam sua pegada hídrica, especialmente o consumo de produtos que precisam de uma elevada quantidade de água para sua elaboração.

Clima

Em países com temperaturas elevadas e, portanto, uma maior demanda evaporativa, os cultivos exigem um maior volume de água.

Práticas agrícolas

Os países com rendimentos agrícolas baxos por culpa da ineficiência (como Tailândia ou Mali, por exemplo) têm pegadas hídricas elevadas.

A Situação da Água no Mundo

De acordo com os últimos dados da Water Footprint Network, os países com pegadas hídricas per capita mais elevadas do mundo são: Mongolia, com 10.000 litros de água/dia por pessoa; Níger com 9.600; Bolívia com 9.500; Emirados Árabes Unidos com 8.600 e Estados Unidos com 7.800. Em termos de dados absolutos, o ranking está liderado pelos países mais povoados: China, com um consumo de 1.400 bilhões de metros cúbicos de água por ano (16 % da pegada hídrica mundial), seguida pela Índia com 1.100 bilhões (13 %).

Conselhos para Reduzir a Pegada Hídrica

Algumas das pequenas ações que podemos fazer para reduzir nossa pegada hídrica como consumidores são:

  • Diminuir a duração das duchas, fechar a água quando nos ensaboamos e utilizar cabeçais de ducha ecológicos.
  • Apostar na alimentação sustentável e reduzir o consumo daqueles alimentos que precisem de mais água, como é o caso da carne.
  • Apoiar a agricultura, a pecuária e a pesca sustentável e local.
  • Optar por um consumo responsável e pela economia circular.

Por outro lado, em relação à atividade empresarial se recomenda:

  • Implantar um sistema de qualidade ambiental.
  • Promover a reciclagem, a reutilização e o consumo ecológico no âmbito da empresa.
  • Contratar fornecedores comprometidos com a redução da pegada hídrica.
  • Digitalizar tanto quanto possível para poupar, por exemplo, papel (escritórios sem papéis).

 

  • Fontes: Ecycle, Iberdrola, Gold Energy, Echo2o