Uma nova pesquisa aponta que a troca parcial da proteína animal por alimentos de origem vegetal pode contribuir com o aumento da expectativa de vida, ao mesmo tempo que tem potencial de reduzir as emissões individuais de gases de efeito estufa. Feito por pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, em colaboração com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, na Inglaterra, o estudo foi publicado no último dia 16 de fevereiro na revista Nature Food.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dietas ricas em proteína e produtos de origem animal podem contribuir para o aumento do risco de doenças cardíacas, diabetes e até mesmo alguns tipos de câncer. Além disso, relatórios da ONU mostram que a carne bovina é o alimento que mais contribui para as emissões de gases do efeito estufa, além do desmatamento na Amazônia e no Cerrado.
“Mostramos que benefícios conjuntos para a saúde humana e planetária não necessariamente exigem mudanças completas na dieta, como adotar padrões dietéticos restritivos ou excluir certos grupos alimentares completamente”, explica Olivia Auclair, doutora graduada no Departamento de Ciência Animal da McGill, em comunicado. “Eles podem ser alcançados fazendo simples substituições parciais de carne vermelha e processada, em particular, por alimentos de proteína vegetal.”
Considerando dados de uma pesquisa realizada para analisar os registros dietéticos da população canadense, o estudo modelou substituições parciais (25% e 50%) de carne vermelha e processada ou laticínios por alimentos de proteína vegetal, como nozes, sementes e legumes.
O resultado revelou que a pegada de carbono individual cai em até 25% quando a ingestão de carne vermelha é diminuída pela metade. Com relação à expectativa de vida, estima-se que uma pessoa pode viver quase nove meses a mais.
Os pesquisadores ainda realizaram um recorte por gênero, que mostrou uma vantagem para os homens no aumento na expectativa de vida, que é dobrado em relação às mulheres. Por outro lado, a troca parcial apenas de laticínios resultou em menores impactos na pegada de carbono, além de ganhos não tão expressivos na expectativa de vida. A mudança até mesmo foi associada a um aumento na deficiência de cálcio de até 14%.
“Espero que nossas descobertas ajudem os consumidores a fazer escolhas alimentares mais saudáveis e sustentáveis e informem futuras políticas alimentares no Canadá”, conta Sergio Burgos, cientista no Instituto de Pesquisa do Centro de Saúde da Universidade McGill.
Fontes: Um Só Planeta, Revista Galileu.
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