Os recursos dedicados aos estudos do oceano no Brasil correspondem a apenas 0,03% dos gastos totais em pesquisa no país, mostrou um relatório da Unesco divulgado nesta sexta-feira (1º) em Lisboa.
O documento, publicado durante a Conferência do Oceano da Organização das Nações Unidas (ONU), revelou que, em média, 1,7% dos recursos nacionais de pesquisa nos países analisados são gastos com ciências do oceano. No Brasil, este percentual é 98% menor do que a média.
Segundo o chefe da Seção de Ciências do Oceano da UNESCO, Henrik Enevoldsen, o relatório pode ajudar a estimular países com investimentos mais baixos a aumentar seus esforços em ciência oceânica. Para ele, a média mundial pode ser considerada “muito, muito pequena”.
“Nós temos um investimento médio em ciência oceânica de cerca de 1,7% do investimento total em pesquisa, então é uma porcentagem muito, muito pequena. Ao destacar isso no relatório, e ao permitir que os países vejam onde estão em comparação com outros, apresentando os desafios que temos pela frente, nós esperamos que isso estimule discussões locais sobre se esse investimento é suficiente”, afirmou Enevoldsen.
Durante a divulgação do relatório, o chefe de Política Marinha e Coordenação Regional da Unesco, Julian Barbière, disse esperar que os investimentos dos setores privado e filantrópico em pesquisa do oceano também aumentem nos próximos anos.
“O relatório também é para mostrar os benefícios desses investimentos, prestando serviços sólidos à economia nacional e ao desenvolvimento sustentável. Esta é uma discussão que também estamos tentando ampliar para além dos governos. Por exemplo, a filantropia começou a desempenhar um papel muito mais importante, e precisamos também do setor privado”, declarou o porta-voz.
O estudo da Unesco também analisou o número de pesquisadores focados em ciências do oceano a cada 1 milhão de habitantes. Neste indicador, o Brasil também é um dos piores da lista: há menos de 10 cientistas dedicados a este tema a cada 1 milhão de habitantes no país – menos do que em países como Suriname e Benin. Nos países que lideram a lista, como Noruega, Portugal e Suécia, o número chega a 300 a cada milhão de habitantes.
Apesar disso, o Brasil é um dos que têm melhor representatividade feminina no setor de pesquisas oceânicas: no país, mais de 50% dos pesquisadores desta área são mulheres.
Fonte: G1.