Peregrinação muçulmana a Meca provocou mais de mil mortos, devido ao calor

Peregrinação anual chamada de hajj, em que muçulmanos de todo o mundo vão à Meca para rezar, acontece sob altas temperaturas este ano. Segundo a TV estatal saudita, os termômetros chegaram a 51,8ºC na sombra na Grande Mesquita em Meca nesta segunda (17).

A Hajj é um dos cinco pilares do Islã: todos os muçulmanos, que tenham meios financeiros e capacidade física para tal, devem cumprir a peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida. Este ano, 1,83 milhões de muçulmanos participam no ritual.

Para a peregrinação deste ano, autoridades locais adotaram medidas para ajudar os peregrinos a suportar o calor no país desértico, incluindo a instalação de nebulizadores na área externa e guardas borrifando água nos fiéis.

Segundo o porta-voz do Ministério da Saúde saudita, Mohammed al-Abdulali, no ano passado o governo atendeu mais de 10 mil peregrinos com problemas vinculados ao calor e  ao menos 240 peregrinos morreram na peregrinação.

 Peregrinação à Meca

A peregrinação, ou hajj, começa com o rito do “tawaf”, que consiste em dar voltas na Kaaba, a estrutura cúbica preta na direção da qual todos os muçulmanos do mundo rezam, localizada no coração da Grande Mesquita.

Depois, os fiéis seguem para Mina, um vale cercado por montanhas rochosas a vários quilômetros de Meca, onde passarão a noite em tendas climatizadas.

O número de visitantes de Meca mortos durante a peregrinação anual à cidade por conta de uma onda de calor já passa de 1.000, segundo um balanço feito pela agência de notícias AFP nesta quinta-feira (20).

No total, 1.081 pessoas de quase dez países morreram desde o início da peregrinação, que começou na semana passada com temperaturas que já passaram dos 50ºC.

Meca é a principal cidade sagrada do Islã e um dos cinco pilares do islamismo. Apenas os muçulmanos podem entrar na cidade, e, durante o período de peregrinação, o governo saudita distribui vistos para estrangeiros, com base em um sistema de cotas.

Neste ano, o período de peregrinação anual, determinada pelo calendário lunar islâmico, acontece em meio a uma onda de calor e no início de um verão escaldante no Hemisfério Norte, que costuma ser bastante intenso na Arábia Saudita.

O centro nacional meteorológico informou esta semana que o termômetro chegou a atingir a temperatura de 51,8ºC na Grande Mesquita de Meca.

Um estudo saudita publicado em maio indicou que as temperaturas nos locais onde os rituais são realizados aumentam 0,4 ºC a cada dez anos

Na quarta-feira, o governo egípcio já havia divulgado que mais de 600 cidadãos do Egito haviam morto durante o hajj deste ano. O balanço feito pela AFP inclui mais 58 peregrinos do Egito.

Familiares buscam informações

Além dos egípcios, morreram peregrinos da Malásia, Paquistão, Índia, Jordânia, Indonésia, Irã, Senegal, Tunísia e Curdistão iraquiano. Também há desaparecidos, e seus parentes procuram por eles nos hospitais da região.

A Arábia Saudita não divulgou informações sobre os falecidos, embora apenas no domingo tenha informado sobre mais de 2.700 casos de “esgotamento por calor”.

No ano passado, vários países relataram mais de 300 mortes durante o hajj, a maioria indonésios.

A data do hajj atrasa cerca de 11 dias a cada ano no calendário gregoriano, o que significa que no próximo ano ocorrerá mais cedo, potencialmente em condições mais amenas.

Receber o Hajj é uma fonte de prestígio para a família real saudita, e o título oficial do rei Salman inclui as palavras “Custódio das Duas Mesquitas Sagradas”, em Meca e Medina.

O Hajj tem sido palco de várias tragédias ao longo dos anos, a mais recente em 2015, quando um pisoteamento durante o ritual de “apedrejamento do diabo” em Mina, perto de Meca, resultou na morte de até 2.300 pessoas, sendo a pior delas até hoje.

A Arábia Saudita tem um sistema de cotas de peregrinos por país, mas todos os anos milhares de pessoas viajam ao país por canais irregulares, porque não têm dinheiro suficiente para pagar os custos dos trâmites oficiais.

Estas pessoas são mais vulneráveis ao calor extremo, porque, sem documentos oficiais, não podem ter acesso aos espaços com ar-condicionado disponibilizados pelas autoridades sauditas.

Neste ano, a peregrinação, que começou na sexta-feira (14) e terminou nesta quarta (19), atraiu cerca de 1,8 milhão de peregrinos, incluindo 1,6 milhão do exterior. Por conta do calor, as autoridades locais adotaram medidas para ajudar os participantes, incluindo a instalação de nebulizadores na área externa e guardas borrifando água.

Mohammed al-Abdulali, porta-voz do Ministério da Saúde saudita, disse que, no ano passado o governo atendeu mais de 10 mil pessoas com problemas relacionados ao clima excessivamente quente. Ao menos 240 peregrinos morreram. Desta vez, até agora, a pasta tratou mais de 2,7 mil peregrinos que sofriam de doenças relacionadas com o calor.

Fontes: France Press g1, Folha SP, Observador, Um Só Planeta.

Calor Extremo – Arquivo/Reuters/Ganoo Essa/Direitos Reservados.