Planeta Terra teve o trimestre mais quente já registrado

Na véspera do Dia Internacional do Ar Limpo para o Céu Azul, a Organização Meteorológica Mundial divulgou um relatório onde defende uma abordagem conjunta no combate à poluição atmosférica.

As alterações climáticas estão provocando cada vez mais ondas de calor,  piorando a qualidade do ar e a aumentando a poluição, e defende que a fraca qualidade do ar e as alterações climáticas devem ser combatidas em conjunto.

Um novo estudo revela que a Terra teve o trimestre mais quente já registrado. As temperaturas da superfície do mar não têm precedentes e as condições climáticas foram bastante extremas.

O relatório lançado esta quarta-feira pela Organização Meteorológica Mundial, OMM, e o Serviço de Alterações Climáticas Copérnico confirma a piora da intensidade das alterações climáticas e a frequência das ondas de calor.

No documento, a OMM destaca que a fumaça dos incêndios tem graves consequências para a saúde humana, dos ecossistemas e das culturas e que a onda de calor do ano passado levou a mais poluição pelo ozônio.

Mas, ainda de acordo com a agência das Nações Unidas, os parques e as árvores podem atenuar as “ilhas de calor urbanas”.

Impacto na qualidade do ar e na saúde

A realidade das ondas de calor extremo, agravadas por incêndios florestais e pela poeira do deserto, têm um impacto mensurável na qualidade do ar, na saúde humana e no ambiente.

O climatologista Álvaro Silva comenta à ONU News, de Lisboa, o quadro atual e revela que ainda pode ser revertido.

“Já se antevia. Este balanço que fazemos agora, no final do verão climatológico, que foi o mais quente que há registro já se esperava depois de um julho extremamente quente, o mais quente desde que há registro. E o mês de agosto foi o segundo mais quente e o agosto mais quente desde que há registro. Este balanço leva-nos a refletir e, sobretudo, a querer mais do ponto de vista da ação climática e de redução dos gases com efeito de estufa. Só com um aumento desta ambição, do ponto de vista de mitigação dos gases de efeito estufa, é que será possível atenuar e depois contrariar esta tendência crescente de aumento da temperatura global.”

Os cientistas envolvidos na pesquisa fizeram uma avaliação coletiva das tendências globais recentes e do que pode ser esperado, observando o aquecimento em toda a bacia oceânica e um aumento nas ondas de calor marinhas.

Acima do recorde de março de 2016

Pela pesquisa, a extensão do gelo marinho da Antártica permanece num nível recorde para esta época do ano.

O mês passado foi cerca de 1,5°C mais quente do que a média pré-industrial entre 1850 e 1900. O período entre janeiro e agosto deste ano é o segundo mais quente já registrado a seguir a 2016, após um intenso aquecimento causado pelo fenômeno El Niño.

Em todo o mês de agosto, ocorreram as mais altas temperaturas médias globais mensais da superfície do mar registadas, com 20,98°C. As temperaturas de todos os 30 dias do período superaram o recorde anterior, registrado em março de 2016.

Em nota, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o planeta acaba de passar pelo verão mais quente já registrado e que o “colapso climático” começou.

Novo recorde nos próximos cinco anos

Para o líder da organização, ainda é possível evitar o pior do caos climático e não há tempo a perder.

Em relação à extensão do gelo marinho da Antártida manteve-se num nível recorde baixo para esta época do ano, com um valor mensal 12% abaixo da média.

O dado é de longe a maior anomalia negativa para agosto desde que as observações por satélite começaram no final da década de 1970.

A extensão do gelo marinho do Ártico ficou 10% abaixo da média, mas bem acima do mínimo recorde de agosto de 2012.

Em maio, um relatório da OMM e do Met Office do Reino Unido apontava para 98% de probabilidade de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado.

Fonte: ONU News, Euronews.

Foto: ONU News.