Um estudo publicado na revista científica Nature mostra que a poluição da água vai causar uma crise de abastecimento até o final do século 21. Segundo projeções feitas por cientistas holandeses, uma média de 5,5 bilhões de pessoas podem ficar expostas a água poluída até 2100.
Essa degradação deve ocorrer por causa da quantidade de poluentes no ar, a retirada de água e os regimes hidrológicos, impulsionados pelas mudanças climáticas e o desenvolvimento econômico das sociedades.
A ONU já havia alertado, em 2023, para o “risco iminente” de uma crise global de escassez.
Projeções para o futuro
A pesquisa alerta que, no pior dos cenários, parte da América do Sul, a África subsaariana e o sudeste da Ásia serão expostas a águas poluídas. Ainda de acordo com o estudo, o problema é uma “bomba-relógio” em nível global.
O principal motivo para preocupação com o futuro da água do planeta está conectado à sua importância para a vida humana.
- Isso porque ela possui diversas funções para a saúde, por exemplo:
– Transporte de nutrientes;
– Digestão;
– Excreção de substâncias tóxicas;
– Absorção de nutrientes;
Reações para bom estado fisiológico.
Uma boa qualidade da água reduz determinadas doenças – aquelas chamadas de doenças de veiculação hídrica – e outros tipos também. Outro fator é a mortalidade infantil, que sempre apresenta uma queda absurda a partir do momento que você fornece água potável para a população.
Como o estudo sobre poluição da água foi feito
Para conseguirem visualizar esse impacto na qualidade dessas águas, os cientistas utilizaram três indicadores:
– Temperatura da água e indicadores de salinidade (sólidos totais dissolvidos);
– Poluição orgânica (demanda biológica de oxigênio);
– Poluição patógena (coliformes fecais).
A partir disso, eles investigaram essa qualidade em três cenários climáticos futuros usados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em períodos de 20 anos, com início em 2005 e fim em 2100.
O primeiro cenário segue uma trajetória ‘business-as-usual’ (“tudo funcionando normalmente”, em tradução livre), definida por forte progresso tecnológico contínuo com preocupação limitada com o aquecimento global.
Já o segundo conta com um futuro “verde” otimista, no qual a sustentabilidade se torna uma prioridade de todos.
Por fim, o terceiro traz um panorama com os piores resultados. O estudo descreve uma futura “estrada esburacada” de crescentes rivalidades nacionais juntamente ao lento progresso econômico e ambiental.
Estamos definitivamente sentados numa bomba-relógio (Joshua Edokpayi, pesquisador e especialista em gestão da qualidade da água na Universidade de Venda em Thohoyandou, na África do Sul).
América do Sul, África subsaariana e sudeste da Ásia
Como resultado da análise, os dados apontaram que a partir de todos os cenários, a qualidade da água tem tendência a piorar em níveis alarmantes nos países com economias emergentes.
Em contrapartida, nos países muitos ricos os níveis atuais de poluentes orgânicos e substâncias que podem causar doenças tendem a diminuir, devido ao tratamento de água melhor.
Com a capacidade de consumo comprometida, as regiões identificadas como mais poluídas, no pior dos cenários apresentados pela pesquisa, correm risco de sofrer crises de abastecimento de água, frisa o professor Marcelo Obraczka Especialista em Engenharia Sanitária e professor na UEUniversidade Estadual do Rio de Janeiro.
O especialista ressaltou:
Como gerimos muito mal a pouca água potável disponível, a tendência é uma piora do cenário atual. E a corda vai estourar justamente nas mãos da população mais vulnerável, em lugares pobres, com baixa disponibilidade hídrica e que ainda por cima não tratam devidamente seus resíduos líquidos e sólidos. Aliado ao crescimento da população e as crescentes demandas de irrigação que consomem boa parte da água disponível.
Fontes: Olhar digital, O Globo , Nature.
Imagem: Yogendra Singh/Pexels.