Químicos “eternos” encontrados em produtos comuns afetam fertilidade de mulheres, alerta pesquisa

Um novo estudo revela uma possível causa para infertilidade depois de descobrir que mulheres com níveis de PFAS – também chamados de “produtos químicos eternos” – no sangue podem ter dificuldade em engravidar. Segundo a pesquisa, publicada na revista Science of the Total Environment, as mulheres analisadas tiveram 40% de chance reduzida de engravidar e uma chance 34% menor de ter um filho vivo em 12 meses.

Os PFAS são conhecidos como “produtos químicos eternos” porque não se degradam no meio ambiente e tampouco no corpo humano. Eles contaminam água potável, o solo, o ar, alimentos e vários produtos que consumimos ou encontramos rotineiramente, como itens de higiene, cosméticos, panelas antiaderentes, embalagens de alimentos, estofados e roupas. Eles também entram no sistema alimentar por meio de peixes capturados em água contaminada com PFAS e produtos lácteos de vacas expostas a PFAS por meio de fertilizantes em fazendas.

Para o estudo, os pesquisadores coletaram amostras de sangue de 382 mulheres, com idades entre 18 e 40 anos, que estavam tentando engravidar. Os pesquisadores examinaram os níveis de PFAS no sangue e a probabilidade de engravidar dentro de um ano. As pessoas são consideradas inférteis após um ano tentando engravidar por meios naturais e sem sucesso, problema que afeta uma em cada seis pessoas no mundo.

A análise mostrou que as participantes do estudo com PFAS no sangue tiveram mais dificuldade em conceber. A nova pesquisa com foco em fertilidade foi realizada em Cingapura, onde os níveis de contaminação são mais baixos, e os cientistas se surpreenderam com a forte correlação com a redução da fertilidade. Uma pesquisa anterior realizada nos EUA encontrou PFAS em quase todas as pessoas testadas para eles.

Esses produtos químicos afetam os mensageiros químicos do corpo humano — os hormônios — e a produção e função saudável dos óvulos, além de estarem ligados à síndrome do ovário policístico. “Muitos PFAS foram detectados no sangue do cordão umbilical , na placenta e no leite materno. Prevenir a exposição ao PFAS é, portanto, essencial para proteger a saúde das mulheres, bem como a saúde de seus filhos”, disse ao The Guardian Damaskini Valvi, professora assistente em Icahn Mount Sinai.

Mesmo doses muito baixas desses compostos têm sido associadas à supressão do sistema imunológico e estão associadas a um risco elevado de câncer, aumento do colesterol e danos reprodutivos e de desenvolvimento, entre outros problemas graves de saúde.

Para a pesquisadora, os resultados do estudo evidenciam a necessidade de políticas públicas que proíbam o uso desses produtos químicos em itens de uso diário. “Parar de produzir PFAS em primeiro lugar é a única maneira de nos ajudar a evitar completamente a exposição”, acrescentou.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Kei Scampa/Pexels.