Recorde de temperatura em várias partes do globo gera alertas sobre ameaças à saúde

Dezenas de milhões de pessoas estão sob alerta de calor nos EUA, na Europa e na Ásia. Órgãos governamentais pedem que a população se proteja.

O mundo sofre cada vez mais com os efeitos das ondas de calor extremo — algo que já era alertado por cientistas há alguns anos.

Especialistas dizem que os recordes de temperatura quebrados nas últimas semanas durante o verão no Hemisfério Norte, embora tenham sido projetados, chegam mais rápido do que o esperado, e mantêm os governos da região em alerta.

“Estamos entrando em um terreno desconhecido”, divulgou na semana passada a Organização Meteorológica Internacional, dias após as observações das maiores temperaturas da história, no mês de junho mais quente desde que os registros foram iniciados.

Segundo Hannah Cloke, pesquisadora de mudanças climáticas da Universidade de Reading, no Reino Unido, o cenário “é muito assustador”.

Em certas áreas, temperaturas à meia-noite atingem a 30º C esta semana; perigo para saúde humana são ataques cardíacos e mortes à medida que a temperatura corporal não baixa.

A Organização Meteorológica Mundial, OMM, informou que a onda de calor, no Hemisfério Norte, pode elevar as temperaturas acima de 40º C em áreas como América do Norte, Ásia, Norte da África e Mediterrâneo.

O assessor sênior de calor extremo da OMM, John Nairn, alertou que a situação durará vários dias nesta semana. Em certas áreas, as temperaturas à meia-noite podem rondar dos 30º C, o que é um grande motivo de preocupação.

Mais de 60 mil  mortes em 2022 devido a  ondas de calor

Ele contou a jornalistas, em Genebra, que as altas temperaturas noturnas são particularmente perigosas para a saúde humana porque o corpo não é capaz de se recuperar do calor contínuo. Isso levaria a um possível aumento de casos de ataques cardíacos e até morte.

A agência da ONU lembra que a máxima europeia foi de 48,8º C, na Sicília, em agosto de 2021. Já o recorde global é de 56,7º C, no Vale da Morte, Califórnia, registrado em julho de 1913.

No ano passado, mais de 60 mil pessoas morreram na Europa por causa de ondas de calor.

As temperaturas estão disparando no sul dos Estados Unidos, no Mediterrâneo, no norte da África, no Oriente Médio e em alguns países da Ásia, incluindo a China.

Tendência de quebrar recordes nacionais

Nessas áreas, os serviços meteorológicos e hidrológicos relatam uma série de registros diários e de temperatura que tende a quebrar recordes nacionais.  A confirmação será feita no relatório sobre o Estado do Clima Global da OMM.

Dados preliminares da agência apontam para a continuação da tendência observada em julho, com registros históricos da temperatura média global.

Entre os episódios extremos estão inundações arrasadoras e a perda de vidas em alguns países, incluindo Coreia do Sul, Japão e no nordeste dos Estados Unidos.

O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, destaca que além da grande repercussão na saúde humana, o clima extremo, que está cada vez mais frequente, impacta ecossistemas, economias, agricultura, energia e abastecimento de água.

A coordenadora do Laboratório de Patologia Ambiental da Faculdade de Medicina da USP, Mariana Veras, fala sobre as doenças que podem ocorrer por conta das ondas de calor excessivo.

“Podemos separar em dois grandes grupos, que são dos efeitos diretos indiretos. No primeiro grupo, podemos incluir as temperaturas extremas, principalmente o calor, que provocam uma sobrecarga nos sistemas cardiovascular e renal, pode provocar desidratação e isso levar a outros problemas de saúde e, no pior dos cenários, à morte”, diz.

Sobre os efeitos indiretos, a especialista explica que podem aumentar a presença de vetores de outras doenças como dengue e chikungunya. “Tudo isso está relacionado a mudanças no clima e no meio ambiente”.

Emissões de gases de efeito estufa

O chefe da agência destaca que esse fato ressalta a crescente urgência de se reduzir as emissões de gases de efeito estufa “o mais rápido e profundamente possível”.

Taalas recomenda mais esforços para ajudar a sociedade a se adaptar à tendencia de aquecimento que se está normalizando.

Fontes: ONU News, BBC News, CNN, G1.

Foto: Unsplash/Rafael Garcin.