Sonda da Nasa atinge asteroide a 11 milhões quilômetros da Terra em teste pioneiro de desvio de trajetória

Uma sonda da Nasa, a agência espacial americana, atingiu um asteroide nesta segunda-feira (26) em um teste da capacidade de desviar a rota de corpos celestes que, hipoteticamente, poderiam entrar em rota com a Terra no futuro. Entretanto, a Nasa afirma que não há ameaça do tipo conhecida contra o planeta.

O teste espacial ocorreu a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra e faz parte da chamada missão DART, ou Missão de Teste de Redirecionamento de Asteroide Binário (em tradução livre do inglês).

A sonda da agência espacial colidiu com a lua Dimorphos, que orbita um asteroide um pouco maior chamado de Didymos.

O sistema Dimorphos/Didymos não oferecia risco à Terra, segundo a Nasa, e foi escolhido por ser relativamente perto e por oferecer a possibilidade de monitorar se a mudança de trajetória foi obtida.

A Nasa investiu mais de US$ 330 milhões no programa. A agência afirma que não há chance alguma que qualquer um dos asteroides represente um perigo para a Terra agora ou no futuro.

Segundo a Nasa, o impacto deve criar apenas uma cratera com dezenas de metros de largura e lançará um milhão de quilos de rocha e poeira no espaço.

“[Essa missão] não vai destruir o asteroide. Não vai transformá-lo em um monte de cacos”, lembra Nancy Chabot, cientista planetária que administra a iniciativa.

Segundo Thiago Signorini Gonçalves, professor de astronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o destino escolhido é apenas uma “questão de conveniência”.

“É um asteroide que fica relativamente próximo à Terra. Como o objetivo da missão é, em particular, testar a possibilidade de efetivamente desviar a órbita de um asteroide, é importante poder acompanhar a órbita posterior. Se fosse um asteroide muito distante, seria difícil fazer este acompanhamento”, explica.

Asteroide alvo

O asteroide alvo é chamado Dimorphos e está a cerca de 9,6 milhões de quilômetros da Terra.

O corpo celeste é bem pequeno, com cerca de 160 metros de diâmetro, e está ao lado de um asteroide maior, Didymos, que mede cerca de 780 metros.

Segundo Gonçalves, o tamanho da Dimorphos é até comum para asteroides encontrados no nosso Sistema Solar, mas, ao mesmo tempo, poderia causar um grande estrago se realmente estivesse em rota com a Terra.

“É uma oportunidade boa de conseguir acompanhar o efeito de um objeto que seria efetivamente o alvo de uma missão caso isso fosse realmente necessário, se a gente tivesse que desviar um asteroide”, disse.

Descoberto em 1996, o Didymos gira tão rápido que os cientistas acreditam que ele deslocou o material do qual formou sua lua, Dimorphos, que orbita a menos de 1,2 km de distância.

No entanto, com o sucesso da missão, a cratera que deve ser criada na Dimorphos pode gerar pela primeira vez uma chuva de meteoros criada artificialmente pelo homem.

“A colisão deve gerar uma cratera de aproximadamente 10 metros nesse segundo componente do sistema binário, no asteroide menor, e esse material vai ser levantado. É possível que isso gere uma nova chuva de meteoros que poderá ser vista da Terra”, explicou o astrônomo.

A sonda Dart e o satélite LICIACube

A sonda é do tamanho de uma geladeira e pesa cerca de 570 kg.

Ela possui apenas um instrumento: uma câmera usada para navegar, selecionar o alvo e registrar sua última ação.

A alguns milhares de quilômetros atrás da Dart, estava o satélite LICIACube, que gravou impacto da nave no asteroide.

Segundo a ESA, a agência espacial europeia, o satélite possui duas câmeras para coletar imagens únicas da superfície do asteroide, bem como detritos ejetados da cratera recém-formada, fornecendo “provas fantásticas” do sucesso da missão.

O LICIACube observará a “pluma” de materiais ejetados apenas alguns minutos após o impacto, realizando seu sobrevoo a cerca de 55 km da superfície do asteroide.

Fonte: G1, Reuters.

Foto: ESA/Divulgação.