Supercomputador Identifica mais de 100 mil Novas Espécies de Vírus

Um grupo internacional, liderado por um pesquisador de genética médica da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, descobriu 132 mil vírus de RNA,  dos quais apenas 15 mil eram conhecidos anteriormente pela ciência e nove novas espécies de coronavírus.

Os pesquisadores analisaram todos os dados de sequenciamento de RNA disponíveis publicamente, ou seja, 20 milhões de gigabytes de dados de sequências genéticas de 5,7 milhões de material recolhido em todos os tipos de ambientes, desde amostras de gelo a esterco de animais.

O banco de dados, de escala planetária, pode ajudar a identificar rapidamente a migração do vírus para os seres humanos, bem como os vírus que afetam o gado, as plantações e as espécies ameaçadas de extinção.

O coordenador da pesquisa, Artem Babaian, doutor em genética médica pela UBC e pesquisador da Universidade de Cambridge, publicou resultados do projeto na Revista Nature. Com essas informações gerais, a equipe de cientistas espera concluir um trabalho que possa ser utilizado para acabar com futuros surtos de doenças – e talvez até abortar a próxima grande pandemia.

A esperança é que a descoberta permita o conhecimento da diversidade genética e espacial dos vírus na natureza. Isso evitará que a humanidade seja apanhada de surpresa, como aconteceu com o SARS-CoV-2, que causou a covid19.

Um supercomputador normal levaria bem mais de um ano e centenas de milhares de dólares para realizar o trabalho necessário para essa análise. O projeto, com a colaboração do CIC, conseguiu isso em 11 dias, por US$ 24 mil.

Segundo Babaian, estamos entrando em uma nova era de compreensão da diversidade genética e espacial do vírus nan atureza e, consequentemente, de como uma grande variedade de animais interage com esse vírus.

Esses vírus podem ser reconhecidos mais facilmente e seus reservatórios naturais podem ser encontrados mais rapidamente. O objetivo real é que essas infecções sejam reconhecidas tão cedo que nunca se tornem pandemias”, explicou em comunicado da UBC.

O geneticista ainda exemplifica como essas análises e tecnologia podem auxiliar no sentido de infecções não se tornarem pandemias. “Se um paciente apresenta febre de origem desconhecida, uma vez que o sangue é sequenciado, agora você pode conectar esse vírus desconhecido no humano a um banco de dados muito maior de vírus existentes. Se outro paciente, por exemplo, apresenta uma infecção viral de origem desconhecida em St. Louis, agora você pode pesquisar no banco de dados em cerca de dois minutos e conectar esse vírus a, digamos, um camelo na África subsaariana amostrado em 2012”, completou.

Fontes: Galileu, Ney Lopes.