Testes nucleares ainda causam vazamentos radioativos no Oceano Pacífico

Na última semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para o risco de vazamento radioativo em um depósito de resíduos de testes nucleares dos Estados Unidos no arquipélago das Ilhas Marshall, no Pacífico, a meio caminho entre a Austrália e o estado norte-americano do Havaí. Isso porque, entre 1946 e 1996, Estados Unidos, França e Reino Unido realizaram centenas de testes nucleares em ilhas do Oceano Pacífico.

Segundo a Agence France Press, só no Pacífico Central foram mais de 100 testes realizados pelos norte-americanos, dos quais 67 ocorreram entre 1946 e 1958, nos atóis de Bikini e Enewetak, nas Ilhas Marshall. Um desses testes foi da bomba de hidrogênio “Bravo”, em 1954, a mais poderosa bomba detonada pelos Estados Unidos — com potência mil vezes superior à lançada na cidade japonesa de Hiroshima.

“As consequências foram dramáticas em termos de saúde e envenenamento da água em alguns lugares”, disse Guterres. Além disso, o secretário-geral da ONU contou que se encontrou com a presidente das Ilhas Marshall, Hilda Heine, que também está muito preocupada com o risco de vazamento de material radioativo na área.

No final dos anos 1970, o governo dos EUA coletou solo radioativo de ilhas vizinhas contaminadas e enterrou cerca de 84 mil metros cúbicos (quase 3 milhões de pés cúbicos) em uma cratera. As autoridades cobriram a precipitação com uma camada de concreto de 45 centímetros de espessura — que deveria ser uma solução temporária.

No entanto, o fundo do poço não é revestido e, como a exposição causou a formação de rachaduras na camada, autoridades estão preocupadas com a possibilidade de estarem liberando material radioativo no oceano, uma ameaça que só deve piorar com o aumento do nível do mar e da frequência de tempestades intensificadas pela mudança climática.

Depois que as Forças Armadas dos Estados Unidos se retiraram da região em 1986, eles pagaram o valor de um “acordo completo de todas as reivindicações, passadas, presentes e futuras ” relativas ao programa de testes nucleares. No entanto, muitos argumentam que essas retribuições não foram suficientes aos impactos ambientais e sociais causados por conta dos experimentos militares.

Fonte: Revista Galileu.