Vulcões submarinos das Ilhas Canárias podem explicar mito de Atlântida

Cientistas do Instituto Geológico e Mineiro da Espanha (IGME-CSIC) encontraram montes (ou ilhas) formadas por vulcões submarinos que afundaram no entorno do arquipélago das Ilhas Canárias, perto de Marrocos. Batizada de Monte Los Atlantes, essa grande estrutura submersa há milhões de anos pode explicar o mito da cidade de Atlântida.

Como diz a lenda, mencionada pelo filósofo grego Platão, a Atlântida teria afundado junto com uma imensidão de tesouros, como castigo dos deuses. Desde então, o mito tem gerado enorme fascínio e diferentes locais já foram investigados em busca de vestígios.

As formações geológicas recém-encontradas “foram ilhas [constituídas pelo magma de antigos vulcões subaquáticos] no passado e afundaram, ainda afundam, como diz a lenda da Atlântida”, conta Luis Somoza, geólogo e coordenador do projeto, em nota. Ainda não se sabe o porquê de afundarem.

Se há alguma conexão entre essas formações geológicas muito antigas e a lenda, é algo praticamente impossível de saber. Entretanto, compreender o que permitiu que as ilhas afundassem tornaria o mito algo viável e mais crível.

Origem dos Monte Los Atlantes

Para além dos novos achados no arquipélago das Ilhas Canárias, a região já é bastante conhecida pela intensidade da atividade vulcânica. Hoje, as setes ilhas conhecidas têm como origem antigos vulcões submarinos. Ao longo de milhões de anos, o fluxo de magma fez com que essas estruturas emergissem das águas profundas.

No entanto, não foram todas as ilhas que se mantiveram sob a superfície da água, como aponta a recente pesquisa. A hipótese do grupo de cientistas é que o Monte Los Atlantes tenha afundado durante a era geológica conhecida como Eoceno, há cerca de 34 a 54 milhões de anos.

Apesar das ilhas terem afundado e não abrigarem mais uma diversidade de vida terrestre, diferentes animais marinhos se proliferam por lá, como mostram imagens captadas durante a expedição. As montanhas estão a pelo menos 60 m da superfície.

Inclusive, outras pesquisas sobre vulcões subaquáticos descobriram que essas estruturas podem servir como uma espécie de “incubadora” de ovos de arraias.

Explorando as profundezas

O interessante é que o objetivo da pesquisa espanhola sobre as Ilhas Canárias não estava conectada à descoberta das ilhas que afundaram e nem do mito de Atlântida. Na verdade, o foco era (e continua a ser) entender o risco de futuras erupções subaquáticas no arquipélago, como as observadas entre os anos de 2011 e 2012. Então, esta foi uma descoberta acidental.

Neste missão de inspecionar as profundezas da região, a equipe utilizou um veículo subaquático operado remotamente (ROC), conhecido como 6000 Luso. Ele conta com câmeras de alta resolução (5K), braços robóticos para recolher amostras e sensores para medir a concentração de gases na água (como dióxido de carbono e metano).

Assim, o ROV está preparado para detectar sinais de atividade magmática e hidrotermal subaquática no arquipélago, com potencial de representar um risco futuro à população. Até o momento, as descobertas da expedição não foram detalhadas em um artigo científico.

Fonte: Canaltech.

Imagem: IGME-CSIC.