A COP30 se aproxima. E o brasileiro continua sem saber o que ela é

O Brasil será palco da COP30 em novembro, o encontro mais importante da ONU no ano para discutir soluções contra a emergência climática mundial. Mas, a quatro meses da cúpula de Belém, sete em cada dez brasileiros não sabem sequer o que é essa tal COP. A constatação vem da pesquisa “Protagonismo do Brasil na COP30 – Brazil Forum UK”, divulgada por O Globo, que confirma o que qualquer observador minimamente cético já suspeitava: no país da Amazônia, o meio ambiente ainda ocupa um espaço secundário na atenção da maioria da população brasileira.

A pesquisa, conduzida pelo Ideia Instituto de Pesquisa e pelo LaClima, ouviu 1.502 brasileiros e traçou um retrato desconcertante: enquanto 71% dos entrevistados disseram não saber o que é a COP30, 78% declararam saber que ela será realizada em Belém e 72% acreditam que ele terá impacto na luta contra as mudanças climáticas. Para os responsáveis pelo estudo, isso revela contradições e aponta falhas de comunicação pública sobre o tema.

Segundo a CEO do Ideia, Cila Schulman, a distância entre a agenda climática internacional e a população brasileira é resultado da ausência de estratégias de comunicação acessíveis e contínuas. “Isso reforça a necessidade de campanhas mais claras e pedagógicas, que expliquem não só o que é a COP 30 mas por que ela importa para a vida das pessoas”, disse.

“Uma COP com participação popular é fundamental para que agendas necessárias, como a agenda de adaptação, ganhem ainda mais relevância política”, destacou Flávia Bellaguarda, diretora-presidente do instituto LaClima.

Consciência ambiental, mas só até a urna

A pesquisa também indica que, embora 66% digam que a degradação ambiental afeta suas finanças e 58% considerem a pauta ambiental um fator positivo na escolha de candidatos, o meio ambiente aparece apenas como a sétima prioridade de voto — atrás de temas como corrupção, saúde, educação e segurança.

Outro dado relevante aponta que o governo federal é considerado o principal vilão ambiental do país (40%), à frente do setor industrial (30%). Apenas 29% acreditam que o Brasil está agindo para enfrentar a crise climática.

O estudo conclui que o país tem consciência ambiental, mas ainda não transformou isso em urgência política. Para os autores, essa é uma oportunidade para lideranças que consigam traduzir o tema em linguagem acessível e com credibilidade.

Interesse pontual e reativo

Na semana passada, por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, uma pesquisa realizada pela Bulbe Energia mostrou que, apesar da crescente urgência da crise climática, os temas ligados à sustentabilidade ocupam o último lugar no ranking dos assuntos mais buscados ativamente pelos brasileiros na internet.

O levantamento revelou ainda que o envolvimento com pautas ambientais tende a ser pontual e reativo. Em geral, as pessoas só se interessam pelo assunto quando são diretamente afetadas por eventos extremos — como enchentes, queimadas ou ondas de calor — ou quando o tema ganha visibilidade por meio de filmes, séries ou conteúdos virais nas redes sociais.

Essa forma de consumo raso impede o engajamento contínuo e o aprofundamento no tema. Como consequência, cerca de um quarto da população se considera mal-informada sobre questões ambientais — incluindo os que se dizem “nada”, “pouco” ou apenas “razoavelmente” informados.

Um dado especialmente preocupante é a fragilidade da formação ambiental desde a escola. Quase metade dos entrevistados (43%) declarou ter tido pouco ou nenhum contato com conteúdos sobre meio ambiente durante sua trajetória escolar. Muitos não conseguem lembrar com clareza de conceitos como pegada de carbono, ciclo da água ou combustíveis fósseis — noções básicas que deveriam estar presentes no repertório da população.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Rodrigo Pinheiro / Ag.Pará.

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