Animais da Savana Sul-Africana têm mais medo de humanos do que dos predadores

Os leões não são os caçadores que os animais da savana sul-africana mais temem no planeta, segundo um novo estudo. O levantamento, que analisou girafas, leopardos, hienas, zebras, cudos, javalis e impalas, destacou que os seres humanos são considerados “superpredadores”. Isso significa que os bichos selvagens têm mais medo do homem do que dos seus predadores naturais.

A pesquisa, realizada por Liana Zanette, professora de biologia da Universidade de Western Ontario, e Craig Packer, da Universidade de Minnesota, além de outros especialistas, demonstrou que quase 95% dos animais na África do Sul tinham maior probabilidade de fugir e abandonar poços de água rapidamente quando ouviam vozes humanas do que quando ouviam o som de leões ou de tiros de arma de caça.

Para chegarem a essas conclusões, publicadas na Current Biology, os colegas trabalharam no Parque Nacional do Grande Kruger, na África do Sul.

“Estas descobertas acrescentam uma nova dimensão aos nossos impactos ambientais em todo o mundo. É de esperar que o medo substancial dos humanos demonstrado aqui, e em experiências recentes comparáveis, tenha consequências ecológicas dramáticas, porque outra nova investigação estabeleceu que o próprio medo pode reduzir o número de vida selvagem”, disse Zanette à Western News.

Outras pesquisas evidenciam que os humanos matam animais em taxas muito mais altas que as dos seus predadores naturais.

“Consistentes com a letalidade única da humanidade, os dados da América do Norte, Europa, Ásia e Austrália, e agora o nosso trabalho na África, demonstram que a vida selvagem em todo o mundo teme mais o ‘superpredador’ humano do que o predador não humano de cada sistema, como os leões, leopardos, lobos, pumas, ursos e cães”, afirmou Zanette.

Para que os resultados fossem conclusivos, Zanette e a equipe colocaram sistemas de câmeras com alto-falantes em poços de água que, quando eram acionados pelo próprio animal que passava a uma curta distância de 10 metros, filmavam a sua reação ao ouvir humanos falando; depois eram feitos testes com rugido de leões e sons de caça.

“Estes resultados apresentam um novo desafio significativo para a gestão de áreas protegidas e conservação da vida selvagem, porque agora é claro o receio de que mesmo seres humanos benignos, como os turistas da vida selvagem, possam causar esses impactos, anteriormente não reconhecidos”, finalizou.

Fonte: R7.

Foto: Divulgação.