Animais podem prever terremotos?

O que é um terremoto e como ele acontece?  Animais podem prever terremotos? O que fazer — e não fazer — durante um terremoto?

Em seu site, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) reúne respostas a várias perguntas sobre esses abalos sísmicos, que podem ser naturais ou não.

Milhares de pessoas morreram na Turquia e na Síria após um grande terremoto, cujo epicentro ocorreu nas proximidades da cidade turca de Gaziantep nas primeiras horas de segunda-feira (6/2/23).

O que é um terremoto e como eles acontecem?

Um terremoto é causado por um deslizamento repentino em uma falha.

As placas tectônicas estão sempre se movendo lentamente, mas ficam presas em suas bordas devido ao atrito. Quando a tensão na borda supera o atrito, ocorre um terremoto que libera energia em ondas que percorrem a crosta terrestre e provocam o tremor que sentimos.

É possível prever terremotos?

Não. Cientistas não podem prever terremotos, apenas calcular a probabilidade de ocorrência de um tremor significativo em uma área específica dentro de um determinado número de anos.

Segundo o USGS, embora não seja possível impedir a ocorrência de terremotos naturais, pode-se mitigar significativamente seus efeitos identificando perigos, construindo estruturas mais seguras e fornecendo educação sobre segurança contra terremotos.

Animais podem prever terremotos?

A referência mais antiga de que se tem notícia ao comportamento animal incomum antes de um terremoto significativo é da Grécia, em 373 AC.

Ratos, doninhas, cobras e centopeias supostamente abandonaram suas casas e se deslocaram a locais mais seguros vários dias antes de um terremoto destrutivo.

Multiplicam-se evidências anedóticas de animais, peixes, pássaros, répteis e insetos exibindo um comportamento estranho de semanas a segundos antes de um terremoto.

No entanto, um comportamento consistente e confiável antes de eventos sísmicos, e um mecanismo explicando como isso poderia funcionar, são desconhecidos pela ciência.

A maioria dos cientistas que buscam solucionar esse mistério estão na China ou no Japão.

Uma previsão de terremoto foi feita na China há várias décadas, com base em pequenos terremotos e atividade animal incomum. Muitas pessoas optaram por dormir fora de suas casas e sobreviveram quando o terremoto principal realmente ocorreu e causou destruição generalizada.

No entanto, geralmente nenhum grande terremoto segue esse tipo de atividade sísmica e muitos terremotos não são precedidos por um evento precursor.

Em um estudo publicado em 2020 na revista Ethology, pesquisadores tentaram registrar cientificamente esse fenômeno. Eles observaram a atividade de animais antes de um terremoto. Eles monitoraram seis vacas, cinco ovelhas e dois cães de uma fazenda, em uma área propensa a terremotos no norte da Itália – no último milênio, aproximadamente 260 terremotos de magnitude 5,5 ou maior foram registrados no lugar, em uma média de um a cada quatro anos. Os bichos foram equipados com sensores de movimento.

Entre outubro de 2016 e abril de 2017, os animais observados passaram por mais de 18 mil tremores. Esse número inclui desde microsismos e pequenas balançadas, com 0,4 de magnitude na escala Richter, até terremotos de 4 ou mais – incluindo um tremor devastador, com 6,6 de magnitude.

A análise estatística do artigo levou em consideração os movimentos diários normais e as interações dos animais. Os pesquisadores constataram que havia mudanças de comportamento até 20 horas antes de um terremoto. Quando todos os animais ficavam mais agitados, por 45 minutos ou mais, os pesquisadores previram que haveria tremores acima de 4,0 de magnitude. Segundo eles, sete de oito palpites foram corretos.

“Quanto mais próximos os animais estavam do epicentro do choque iminente, mais cedo eles mudavam de comportamento”, afirmou Martin Wikelski, primeiro autor do estudo, na época. “Isso é exatamente o que você esperaria quando as mudanças físicas ocorrem com mais frequência no epicentro do terremoto iminente e se tornam mais fracas com o aumento da distância.”

Contudo, ainda não é claro como os animais sentem a iminência de um terremoto; e, por isso, não é recomendado usá-los como parâmetro. Wendy Bohon, geóloga da Incorporated Research Institutions para Seismology, nos Estados Unidos, que não participou do estudo, questionou se em alguns casos os animais tiveram o comportamento incomum sem um terremoto na sequência – ou até se falharam em prever algum.

“Meu gato pode agir como louco antes de um terremoto”, afirmou à Scientific American. “Mas meu gato também fica louco se alguém usa o abridor de latas.” Segundo ela, para que os bichinhos sejam sirene de alerta, seria necessário ter certeza de que eles exibam comportamento incomum apenas em reação aos terremotos.

Mesmo assim, os pesquisadores ainda consideram seu trabalho como um bom primeiro passopara a solução desse mistério. Com mais pesquisas no futuro, eles esperam testar a reação de diversas espécies à atividade sísmica.

Fonte: BBC News.

Foto: Matt Whitt/Getty Images.

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