O aquecimento global tem efeitos aparentemente inimagináveis, como potencializar o risco de desmoronamentos de pontes mundo afora. Os problemas envolvendo essas enormes estruturas de concreto, aço ou madeira estão na elevação das temperaturas, durante as ondas de calor. Como a elevação dos termômetros contribui com a intensificação de eventos extremos, o excesso de chuvas e as inundações mais frequentes também podem gerar danos.
“Temos uma crise de pontes [nos EUA] que está especificamente ligada a eventos climáticos extremos”, afirma Paul Chinowsky, professor de engenharia civil na Universidade do Colorado, para o jornal The New York Times. “Essas coisas não são o que aconteceriam em circunstâncias climáticas normais”, acrescenta.
Para o especialista na área da engenharia, “essas pontes podem literalmente desmoronar”, dependendo dos efeitos do excesso de calor nas peças que mantêm a estrutura erguida. Afinal, os materiais não foram projetados para tanto oscilação térmica, o que gera “inchaço” e “retração”.
Aumento das temperaturas e excesso de chuvas
Analisando a realidade das pontes dos EUA, pesquisadores da Universidade do Estado do Colorado descobriram que uma grande parcela de pontes norte-americanas serão afetadas pela elevação das temperaturas associadas ao aquecimento global, em artigo publicado na revista PLOS ONE.
Em um dos cenários projetados para o ano de 2050, a análise revela que as temperaturas extremas podem desencadear o colapso de uma em cada quatro pontes de aço no país. Assim, os autores alertam: “Negligenciar possíveis mudanças climáticas futuras pode colocar em risco a integridade de muitas pontes dos EUA”.
O excesso de chuvas e as inundações também contribuem com o desgaste das pontes. Considerando apenas as precipitações, elas intensificam de forma perigosa a erosão de sedimentos do solo ao redor das fundações dessas estruturas.
Situações de perigo no Globo
No estado de Vermont (EUA), a combinação entre fortes chuvas e elevação das temperaturas ocasionou danos em cerca de 100 pontes nos últimos dois anos. Impactos associados ao aquecimento global nessas estruturas também foram observados nos estados de Nova York e Maine.
Buscando evitar novos danos, Vermont iniciou um abrangente processo de reconstrução, com pontes mais preparadas para as oscilações térmicas, o que envolve materiais mais resistentes e fundações mais profundas.
Em relação ao impacto das chuvas torrenciais, os exemplos são ainda mais recorrentes. Devido às fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul neste ano, há registros de pontes que foram levadas pelo fluxo de água, como o caso da cidade de Santa Tereza. No Japão, episódios do tipo também ocorreram recentemente.
Fontes: Canaltech, NYT, PLOS ONE.
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