Ativistas climáticos paralisam vários aeroportos alemães

Vários ativistas climáticos perturbaram as operações de quatro aeroportos na Alemanha com protestos, alguns deles na superfície das pistas de descolagem, paraçando uma parada temporária dos voos.

Os aeroportos de Berlim-Brandemburgo, Stuttgart, Nurembergue e Colônia-Bonn foram invadidos cada um por dois representantes da organização Letzte Generation (Última Geração).

No aeroporto de Colônia-Bonn, os voos precisaram ser temporariamente suspensos após duas pessoas se grudarem ao pavimento numa via de acesso a uma das pistas de pouso e decolagem, por volta das 5h45 da manhã, afirmou um porta-voz da Polícia Federal alemã. Um buraco foi encontrado na cerca do aeroporto. Após a remoção dos manifestantes, as operações foram retomadas às 7h25, mas ainda deve haver atrasos ao longo do dia, informou a administração do aeroporto.

Os voos também foram suspensos em Nurembergue, por cerca de uma hora, após ativistas do clima invadirem o local nas primeiras horas da manhã. Assim como em Colônia-Bonn, foi encontrado um buraco na cerca, e dois alicates foram localizados no local. A polícia disse ter prendido duas pessoas que haviam se grudado a uma via de acesso à pista de pouso e decolagem.

No aeroporto de Berlim, duas pessoas, com 21 e 22 anos de idade, se grudaram ao pavimento. Elas foram detidas e serão investigadas por danos à cerca, invasão de propriedade privada e violação da Lei de Segurança da Aviação. Ambas já são conhecidas da polícia por ações semelhantes.

Assim como em Berlim, as operações do aeroporto de Stuttgart não foram afetadas pela ação dos ativistas.

“Petróleo mata”

Em comunicado, a Letzte Generation afirmou que oito pessoas estão sob custódia policial por se oporem à “loucura dos combustíveis fósseis”. Segundo o grupo, os ativistas, que usavam coletes refletores, não invadiram as pistas de pouso e decolagem dos aeroportos e expressaram pacificamente sua resistência, exibindo cartazes com as palavras “Petróleo mata” e “Assinem o tratado”.

Apesar de não especificado pela organização, trata-se de uma provável referência à Iniciativa do Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis (Fossil Fuel Non-Proliferation Treaty Initiative), que defende a criação de um tratado para impedir a exploração e expansão de combustíveis fósseis e eliminar gradualmente a produção existente, em linha com as metas do Acordo Climático de Paris. Em outubro de 2022, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução pedindo que países trabalhassem num tratado do tipo.

A Letzte Generation exige que o clima seja protegido por meio da renúncia total ao carvão, petróleo e gás e vem organizando bloqueios de vias desde o início de 2022 e uma série de ações em aeroportos alemães, inclusive no maior deles, o de Frankfurt, no fim de julho deste ano.

O governo alemão quer dissuadir ativistas de realizar protestos em aeroportos por meio do endurecimento da Lei de Segurança da Aviação. A reforma planejada, que ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento, define como infração punível a invasão intencional e não autorizada de pistas de aeroportos se esta prejudicar a segurança do tráfego aéreo civil.

Os manifestantes pertencem ao grupo “Letzte Generation” (Última Geração), um movimento climático, que confirmou que um total de oito ativistas estiveram envolvidos nos protestos que aconteceram nos aeroportos de Berlim, Colónia- Bonn, Nuremberg e Stuttgart. As manifestações começaram às cinco horas da manhã desta quinta-feira.

Os protestos de ontem surgem na sequência de uma série de protestos semelhantes ocorridos durante o verão. O grupo exige que o governo alemão negocie e assine um acordo para abandonar a utilização de petróleo, gás e carvão até 2030.

“O que está em jogo neste momento são milhares de milhões de vidas humanas. O colapso climático já é uma realidade para muitas pessoas”, afirmou um dos ativistas numa mensagem de vídeo enviada a partir de uma das pistas visadas no protesto.  “Ainda temos o privilégio de poder fazer algo a esse respeito aqui”.

Fontes: DW, Euronews.

Foto: Marius Bulling/dpa/picture alliance.