Enquanto as autoridades do Chile não encontram as causas para o buraco gigante surgido na região de Atacama, ele continua crescendo. Agora, há três novas rachaduras no solo ao redor da cratera.
O Sernageomin (Serviço Nacional de Geologia e Mineração do Chile) disse que está monitorando as rachaduras com drones, extensômetros e sistema de radar. Uma equipe começou nesta sexta-feira (26) os estudos geofísicos para comprovar que não estão aumentando.
A comunidade de Tierra Amarilla divulgou um alerta sobre as rachaduras na terça-feira (23).
A área corre alto risco de novas rachaduras ou afundamento perto da mina de Alcaparrosa, cerca de 665 km ao norte da capital Santiago, determinou na noite de sábado (27) o Comitê de Gestão de Riscos de Desastres da região do Atacama, no norte do país.
“Considerando que o referido cenário representa uma ameaça à vida e à integridade física das pessoas, o acesso à referida zona foi restringido até que os estudos técnicos o justifiquem”, disse o escritório de emergência em seu site.
A mineradora Ojos de Salgado afirmou que não existem escavações ou operações de mineração subterrânea nem embaixo ou em locais próximos das rachaduras.
Edwin Hidalgo, gerente de Relações Públicas da empresa, disse ao jornal El País que as fendas já estavam no local antes do buraco gigante. “Foram detectados em um estudo na área e fazem parte de um evento independente do sumidouro”, pontuou.
Em 12 de agosto, a SMA (Superintendência de Meio Ambiente) ordenou à mineradora seis medidas urgentes, entre elas um estudo de estabilidade do solo em um raio de 500 a 800 metros ao redor do buraco.
A companhia também deveria entregar um estudo técnico para verificar se os volumes de água extraídos pela mineração geraram, ou não, prejuízo ao aquífero aluvial do Rio Copiapó. A Ojos de Salgado tem 30 dias úteis para entregar o estudo.
Agora, a Sernageomin, SMA e Direção Geral de Águas vão à Justiça para responsabilizar a mineradora Ojos de Salgado pelo buraco gigante. As autoridades afirmam que o sumidouro já atingiu 36,5 metros de diâmetro e 64 metros de profundidade – a altura de um prédio com mais de 20 andares.
Durante a semana, a ministra de mineração, Marcela Hernando, afirmou que o buraco é consequência da super exploração das jazidas de cobre na região.
Enquanto isso, a Ojos de Salgado afirma que ele não causa riscos à população. O presidente da mineradora, Luis Sánchez, disse à agência Reuters que a autoridade baseou seus comentários apenas na presença de atividade mineradora, o que por si só não explicaria a formação de um buraco tão grande.
“Este fenômeno é claramente devido a múltiplos fatores”, afirmou. “Estudos para analisar todos os fatores exigem tempo”. Segundo Sánchez, desde que o buraco foi descoberto, no final de julho, a empresa coletou mais de 60 mil dados sobre a área.
“Ainda não podemos ter certeza de qual é a causa. Podemos indicar através desses estudos que existem fatores relevantes, como a composição do solo, episódios climáticos, como a inundação de 2017 e chuvas de julho, e, claro, a atividade de mineração que está sob aquele sumidouro”, pontuou.
Em dezembro de 2017, a zona onde está o buraco passou por uma inundação que matou mais de dez pessoas. Isso, segundo a mineradora, pode ter fragmentado o solo, que tem uma composição argilo-calcária. “Isso pode ter causado uma degeneração progressiva que faz com que os solos migrem, primeiro gerando buracos e depois afundando”, afirmou.
A Ojos de Salgado pertence 80% à mineradora canadense Lundin e 20% à japonesa Sumitomo Metal Mining e Sumitomo Corporation.
Fonte: Gizmodo, Olhar Digital, CNN,
Imagem: Reprodução.