A humanidade vem, desde o século XVIII, queimando combustíveis fósseis para geração de energia, liberando neste processo bilhões de toneladas de gases de efeito estufa que retém calor na atmosfera. Uma pesquisa recente tentou calcular quanto calor exatamente está retido no planeta, descobrindo — somente nos últimos 50 anos — um número equivalente à energia de 25 bilhões de bombas atômicas.
De acordo com o estudo, um total de 380 zettajoules — ou 380 sextilhões de joules — seria a quantidade de energia retida em forma de calor pelo aquecimento global entre 1971 e 2020, período responsável por cerca de 60% de todas as emissões de gás carbônico. Em comparação, a energia liberada pela bomba atômica lançada pelos Estados Unidos na cidade de Hiroshima seria de 15 quadrilhões de joules.
Isso se traduz em 1,2 ºC de aumento na temperatura média global desde os níveis anteriores à atividade industrial. Pode parecer pouco quando se considera o quanto a temperatura varia ao longo de um único dia, mas se tratando de uma média em todo o planeta, cada fração de grau é um acréscimo significante.
Para onde esse calor vai?
Além de quantificar o calor do aquecimento global, a equipe internacional de quase 70 especialistas buscou onde exatamente ele está armazenado. Cerca de 90% do total se localiza no oceano — algo que também tem consequências para os níveis dos mares, que vêm subindo aceleradamente, e para os organismos aquáticos. Os outros 10% se dividem entre o solo, atmosfera e criosfera — o gelo dos polos e no topo de montanhas.
O oceano leva muito tempo para se resfriar, o que significa que reverter totalmente o aquecimento global é algo que pode nem sequer acontecer. Na verdade, os esforços em cortar as emissões de gases estufa significam impedir que a situação se agrave para que, gradualmente, a quantidade de carbono na atmosfera diminua.
O nível desejável para isso é uma concentração de 280 ppm — a cada um milhão de moléculas na atmosfera, apenas 280 seriam de CO2 — o valor anterior à Revolução Industrial.
Até o momento, a humanidade está longe de atingir seus objetivos climáticos, mas os meios para alcançá-los já estão dispostos. Energias limpas e renováveis estão se tornando mais acessíveis e difundidas, enquanto a captura de carbono é uma estratégia possível para compensar emissões que não podem ser evitadas. Com todas as cartas na mesa, é hora de levarmos este jogo a sério.
Fonte: Canaltech, Earth System Science Data Via: Science Ale.
Foto: Gerd Altmann/Pixabay.