À medida que a Terra esquenta, cresce junto o risco de países enfrentarem níveis de calor nunca antes experimentados. Embora algumas localidades estejam preparadas para lidar com o problema, principalmente nações mais ricas, as regiões mais pobres carecem de estrutura e recursos para lidar com a alta do termômetro causada pela emergência climática.
Países em desenvolvimento como Afeganistão, Guatemala, Honduras e Papua Nova Guiné têm maior probabilidade de sofrer danos severos diante dos picos de calor, por carecerem de recursos para manter a população segura. Outras áreas em risco particular incluem o extremo leste da Rússia, o noroeste da Argentina e parte do nordeste da Austrália.
É o que aponta um novo estudo publicado nesta semana na revista científica Nature Communications, que lista os lugares do mundo mais vulneráveis diante das altas temperaturas. Fatores como o rápido crescimento populacional, o acesso limitado a serviços de saúde e infraestutura de energia precária e insegura prejudicam a resiliência desses países a temperaturas extremas.
Mas o relatório também inclui lugares economicamente desenvolvidos como Alemanha, Holanda, Bélgica e Luxemburgo, além da região da China em torno de Pequim, que, apesar de terem recursos financeiros, não estão acostumados a lidar com calor extremo. “Há evidências de que essas regiões podem enfrentar uma grande onda de calor e não estariam preparadas para isso”, disse à CNN Dann Mitchell, professor de ciências atmosféricas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e coautor do estudo.
A pesquisa analisou as temperaturas máximas diárias em todo o mundo entre 1959 e 2021 e constatou que ao menos 31% da superfície terrestre da Terra experimentou um calor tão extraordinário que, estatisticamente, não deveria ter acontecido. O relatório exorta os governos a desenvolverem planos robustos de adaptação a esse fenômeno, que representa riscos à saúde pública, incluindo a criação de centros de resfriamento e a redução de horas para quem trabalha ao ar livre.
Além de piorar a qualidade do ar, ondas de calor agravam secas, aumentam o risco de incêndios florestais, afetam sistemas de abastecimento hídrico e prejudicam safras agrícolas. As ondas de calor também têm consequências para a fauna e na flora, que não estão adaptadas para sobreviverem a temperaturas tão intensas.
Segundo a ONU, as altas temperaturas têm sido particularmente rigorosas nas áreas urbanas. As cidades estão entre 5°C e 9°C mais quentes do que as áreas rurais, pois os edifícios de concreto e as calçadas absorvem e irradiam a luz solar. A concentração de pessoas, carros e máquinas também contribui para elevar as temperaturas. Investir na arborização e criação de corredores verdes e telhados vegetais, intervenções que fazem parte do pacote de soluções baseadas na natureza (SbNs), podem ajudar a mitigar o calor intenso.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: NurPhoto/GettyImages.