Calor pode destruir “químicos eternos” tóxicos

De acordo com um estudo do US Geological Survey, quase metade da água da torneira nos Estados Unidos está contaminada com ‘produtos químicos permanentes’, perigosos para a saúde humanaDe acordo com um estudo do US Geological Survey, quase metade da água da torneira nos Estados Unidos está contaminada com ‘produtos químicos permanentes’, perigosos para a saúde humana Justin Sullivan/Getty Images

As substâncias per e polifluoroalquil, ou PFAS, são consideradas produtos químicos indestrutíveis: virtualmente não degradáveis e que se acumulam nos seres humanos e no meio ambiente. Efeitos de saúde suspeitos incluem asma, câncer e alterações nos órgãos reprodutivos. Agora, um novo método está com as primeiras abordagens em estudo para destruir as moléculas resistentes e mostra resultados promissores.

O calor é o fator chave na quebra das ligações carbono-flúor características dessa classe de substâncias. Em um estudo publicado no Journal of Environmental Engineering, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA informou que uma técnica baseada em calor e pressão conhecida como “oxidação supercrítica da água” destruiu 99% dos PFASs presentes em uma amostra de água.

Os PFASs têm uma combinação de propriedades que os tornam adequados para muitas aplicações de engenharia. Eles repelem óleo e água e resistem a danos causados por altas temperaturas e produtos químicos. Por causa disso, aparecem em muitos produtos de consumo, bem como em aplicações como espuma de combate a incêndio. E eles podem ser encontrados em quase todos os lugares do ambiente, relata a Scientific American.

As primeiras tentativas de usar novos métodos para destruir essas substâncias “indestrutíveis” oferecem pelo menos alguma esperança. No novo estudo da EPA, os especialistas adicionaram substâncias oxidantes à água contaminada com PFAS e aqueceram o líquido acima de sua temperatura crítica de 374ºC a uma pressão de mais de 220 bar. Durante esse processo, a água se torna o que se chama de supercrítica: não é um gás nem um líquido. Nesse estado, mesmo as substâncias repelentes à água, como os PFAS, se dissolvem muito mais rapidamente e, ao mesmo tempo, o estado acelera as reações químicas. Várias versões dessa técnica foram desenvolvidas anteriormente para quebrar diferentes tipos de produtos químicos, mas esta é a primeira vez que foi testada em PFAS em um estudo revisado por pares.

Os pesquisadores tentaram métodos de três empresas. Cada método diferia ligeiramente nos produtos químicos e processos usados. Mas todos os processos produziram o resultado desejado, relata a equipe, liderada pelo pesquisador da EPA Max J. Krause. Em cada caso, a quantidade de PFASs na água caiu mais de 99%.

No novo estudo, descobriu-se também que o número de PFAS previamente identificados na água representava cerca de um quarto das substâncias desta categoria que haviam sido destruídas. Isso mostra que as técnicas analíticas existentes identificam apenas uma fração desses produtos químicos. A variedade de PFAS usados industrialmente é tão grande que muitos deles são pouco conhecidos.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Justin Sullivan/Getty Images.