Camada de ozônio deve se recuperar totalmente até 2066, diz ONU

Uma grande preocupação do meio ambiente e do clima, a deterioração da camada de ozônio parece estar com os dias contados, segundo relatório publicado pelas Nações Unidas. Após décadas de proibições na produção e uso de clorofluorcarbonetos (CFC), utilizados em sistemas de refrigeração e aerossóis, a previsão é de que, na maior parte do mundo, este estrato de gases na atmosfera esteja recuperado até 2040.

Nos polos da Terra, o prazo dado pelos cientistas é mais longo, podendo chegar até 2066 no caso da Antártida, e 2045 para o Ártico.

Protocolo de Montreal

O acordo foi assinado em setembro de 1987 e é um marco no acordo ambiental multilateral que regula o consumo e a produção de quase 100 produtos químicos produzidos por ação humana, ou “substâncias que destroem a camada de ozônio”.

A redução gradual geral levou à recuperação notável da camada protetora de ozônio na estratosfera superior e à diminuição da exposição humana aos raios ultravioleta nocivos do sol.

Segundo a secretária executiva do Secretariado de Ozônio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, o impacto que o Protocolo de Montreal teve na mitigação da mudança climática não pode ser subestimado.

Meg Seki adiciona que nos últimos 35 anos, o acordo se tornou um verdadeiro defensor do meio ambiente.

De acordo com a representante do Pnuma, as avaliações e análises realizadas pelo Painel de Avaliação Científica continuam sendo um componente vital do trabalho do Protocolo que ajuda a informar os tomadores de decisão e as políticas.

Sobre o progresso do Protocolo de Montreal, o painel da ONU confirmou que quase 99% das substâncias proibidas que destroem a camada de ozônio foram eliminadas da atmosfera da Terra.

Calcula-se que os aprimoramentos deste acordo, que posteriormente desativaram a produção de gases-estufa nocivos ao ozônio, tenha evitado ainda uma alta de 1°C na temperatura do planeta.

“A ação do ozônio estabelece um precedente para a ação climática”, afirmou Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que divulgou o relatório nesta segunda-feira (9). “Nosso sucesso na eliminação gradual de produtos químicos que eliminam ozônio nos mostra o que pode e deve ser feito com urgência para abandonar os combustíveis fósseis, reduzir os gases de efeito estufa e, assim, limitar o aumento da temperatura”.

Recuperação da camada de ozônio

A descoberta de um buraco na camada de ozônio foi anunciada pela primeira vez por três cientistas do British Antarctic Survey, em maio de 1985.

De acordo com o relatório, se as políticas atuais permanecerem em vigor, espera-se que a camada recupere os valores de 1980 até 2040. Na Antártica, essa recuperação é esperada por volta de 2066 e em 2045 no Ártico.

As variações no tamanho do buraco na camada de ozônio na Antártida, particularmente entre 2019 e 2021, foram impulsionadas em grande parte pelas condições meteorológicas.

No entanto, a brecha na camada de ozônio da Antártica vem melhorando lentamente em área e profundidade desde o ano 2000.

Impactos nas mudanças climáticas

O Protocolo de Montreal já beneficiou os esforços para mitigar as mudanças climáticas, ajudando a evitar o aquecimento global em cerca de 0,5°C. O relatório reafirma o impacto positivo que o tratado teve sobre o clima.

Em 2016, um acordo adicional ao Protocolo de Montreal, conhecido como Emenda de Kigali, exigia uma redução gradual da produção e consumo de alguns gases de efeito estufa conhecidos como hidrofluorcarbonos.

As substâncias não destroem diretamente o ozônio, mas são gases poderosos que contribuem para o aquecimento global e aceleram as mudanças climáticas. O painel estima que a emenda evitará outros 0,3 a 0,5°C de aquecimento até 2100.

Segundo o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, a ação do ozônio estabelece um precedente para a ação climática.

A chamada Emenda de Kigali, que alertou sobre estas outras substâncias, “evitará 0,3–0,5°C de aquecimento até 2100”, estima o relatório.

O desafio quando se trata de gases de efeito estufa como o dióxido de carbono (CO2) é ainda maior, segundo Taalas, pois eles permanecem na atmosfera por mais tempo e, ao contrário dos CFCs, que foram produzidos por um número de empresas, as emissões provenientes de combustíveis fósseis são muito mais difundidas, presentes em quase todas as atividades da sociedade.

“O CO2 é outra ordem de magnitude quando se trata de sua longevidade, o que é preocupante”, afirma o chefe da OMM. “Fazer com que todas as pessoas do planeta parem de queimar combustíveis fósseis é um desafio muito diferente.”

Fonte: ONU News, Um Só Planeta, Folha SP, New York News, Revista Planeta, DW.

Imagem: NOAA Climate.gov.