Análises de uma ossada de pelo menos 3 mil anos encontrado na região onde hoje fica o estado do Alabama, nos EUA, revelaram indícios da mais antiga cirurgia de crânio já realizada na América do Norte.
A descoberta foi apresentada pela bio-arqueóloga Diana Simpson, da Universidade de Nevada, na reunião anual da Associação Americana de Antropólogos Biológicos no dia 28 de março, e se baseou em uma abertura em formato oval encontrada no crânio, que apresenta sinais claros de ter sido realizada em procedimento, bem como em outros danos apontados no esqueleto, e no crescimento ósseo notado ao redor da abertura, que ajudaram a determinar as motivações e até mesmo os desdobramentos da cirurgia.
Segundo a pesquisadora, os danos ao redor da abertura oval do crânio deste homem indicam que alguém raspou aquele pedaço de osso, provavelmente para reduzir o inchaço cerebral causado por um ataque violento ou uma queda grave – cenários que também explicam as fraturas e outras lesões identificadas acima do olho esquerdo do homem, além de no braço esquerdo, na perna e na clavícula.
O “Homem do Alabama”, como é conhecida a ossada, foi descoberto nos anos 1940 em escavação na região do Little Bear Creek, no Alabama, junto de outros 162 túmulos, e mantido em um museu por mais de 70 anos – somente em 2018 que Simpson iniciou os estudos sobre os restos mortais do homem que viveu na região entre 3 mil a 5 mil anos atrás.
Segundo Simpson, as marcas encontradas no crânio são idênticas a outras cicatrizes deixadas por cirurgias similares, praticadas por outras civilizações ancestrais, e o crescimento ósseo ao redor da abertura indica que o homem teria vivido cerca de um ano após a realização da cirurgia. Até então, as evidências mais antigas de procedimentos cirúrgicos realizados em um crânio na América do Norte datavam de cerca de 1 mil anos atrás.
Descobertas arqueológicas anteriores, porém, apontam que cirurgias cranianas já eram realizadas na África há cerca de 13 mil anos. Técnicas como trepanação e outros métodos cirúrgicos eram comumente realizados por antigas civilizações do continente americano para combater dores de cabeça ou doenças.
Alguns itens encontrados no túmulo sugerem que o “Homem do Alabama” pode ter sido um xamã, e que o procedimento pode ter sido realizado como parte de um ritual. Após os estudos terem sido concluídos, os restos mortais foram devolvidos às comunidades nativas dos EUA, para serem novamente enterrados.
Fontes: Galileu, Hypiness, Gizmodo.