Cobras pítons invasoras são capturadas graças a coleiras de GPS em guaxinins e gambás

No estado da Flórida, nos EUA, a presença de cobras pítons birmanesas invasoras se tornou um problema ambiental tão grande que, por lá, existe até um concurso, o Florida Python Challenge, que premia os melhores caçadores desses répteis. Agora, em outra frente aberta para enfrentar o problema, uma equipe de pesquisadores está colocando coleiras de rastreamento em animais como guaxinins e gambás, dos quais as cobras se alimentam.

Só que, inicialmente, os cientistas da Universidade do Sul de Illinois, do Crocodile Lake e do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte não contavam com a captura das pítons. Isso porque a pesquisa pretendia estudar – com o auxílio de colares com GPS – como os recursos alimentares suplementares, como pontos de alimentação de gatos e fontes de lixo, poderiam influenciar o movimento e o comportamento de mamíferos de pequeno e médio porte.

Mas, em setembro, eles detectaram um movimento incomum vindo do colar de localização de um dos gambás e descobriram que ele havia sido comido por uma píton birmanesa de 28 kg. Dois meses depois, a equipe finalmente conseguiu capturar a cobra, usando o sinal da coleira.

Até hoje, o método mais tradicional de captura deste espécie invasora é liberar na natureza pítons machos equipadas com etiquetas de rádio durante a época de reprodução, o que leva os pesquisadores até as cobras fêmeas. Para Michael Cove, curador de pesquisa do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, a nova alternativa tem o potencial de levar a capturas sem a necessidade de reintroduzir pítons de volta ao ambiente, informa o The Guardian.

No entanto, os pesquisadores vêm encontrando algumas armadilhas ao longo do caminho e buscam maneiras de aprimorar planos futuros para expandir o método de captura. Em fevereiro, eles detectaram um sinal vindo de um colar GPS de um gambá. Quando finalmente rastrearam o dispositivo, a coleira havia sido defecada pela píton. “Essa foi uma verificação da realidade de que temos um tempo mais limitado do que pensávamos para manter o colarinho rastreado”, disse Cove.

As pítons-birmanesas, naturais do Sudeste Asiático, chegaram à Flórida provavelmente devido ao comércio de animais exóticos e se adaptaram bem ao clima da Flórida, proliferaram rapidamente e, segundo as autoridades locais, estão dizimando populações não só de gambás e guaxinins, mas também de coelhos, raposas, veados, linces e até mesmo jacarés. “A píton birmanesa é uma das maiores cobras do mundo, capaz de atingir 6 metros de comprimento. Em algumas regiões da Flórida, até 95% das populações de alguns animais desapareceram”, disse Michael Kirkland, biólogo do Distrito de Gerenciamento de Água do Sul da Flórida e gerente do Programa de Eliminação de Píton do estado à rede NBC.

Fonte: Um Só Paneta.

Foto: Getty Images.