Como a inovação ambiental vem transformando empresas no Brasil

Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), ecoinovação é a criação ou aprimoramento de uma ferramenta que resulta na redução do impacto ambiental, seja esse efeito intencional ou não. Os termos inovação verde e inovação ambiental têm sido utilizados nesse mesmo sentido, e valem para invenções tecnológicas (novos produtos ou processos produtivos) ou não (métodos de marketing, mudanças organizacionais ou institucionais).

Chamar a atenção para a importância da ecoinovação é correr o risco de chover no molhado, mas a falta de investimentos na área no Brasil sugere o contrário. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 2 236 gestores de empresas entre os dias 1 e 10 de janeiro de 2023 mostra que menos da metade das indústrias brasileiras têm projetos ou plano de ação formal em ecoinovação.

De acordo com o levantamento, apenas 30% delas têm trabalhos em execução e outras 17% estão com projetos aprovados para serem iniciados. Os dados revelam também que 28% das empresas estão realizando estudos iniciais sobre o tema e 19% não realizam nenhuma ação de ecoinovação no momento.

No passado, o movimento ambientalista bateria na tecla de que as empresas precisam fazer algo a respeito do aquecimento global para garantir a vida no planeta Terra no futuro. E isso é mesmo verdade, mas hoje está claro que a própria indústria que arrisca sua sobrevivência, muito antes da humanidade se e extinguir, se não achar maneiras de reduzir  suas emissões de gases de efeito estufa, seu consumo de água e geração de resíduos.

De um lado, os eventos climáticos extremos (como estiagens, secas, enxurradas e inundações) já ocasionaram prejuízos privados, até 2019, da ordem de R$ 7 bilhões à indústria no Brasil segundo o Banco Mundial. A cifra foi calculada em cima de dados ligados à disponibilidade de água, flutuações nos preços e na disponibilidade de combustíveis e energia elétrica, disrupções no fornecimento de de insumos de origem agrícola, interrupções logísticas por fatores climáticos na terra, no mar e no ar, danos provocados aos ativos da empresa em função de eventos climáticos extremos, entre outros.

Mas investir em ecoinovação não se trata somente de tentar reverter o aquecimento global. Trata-se de adicionar valor aos produtos que vende, e aumentar a própria competitiividade no mercado global. Uma análise dos dados relativos ao comércio internacional mostra que em 2018 o valor das exportações com alto teor de patenteamento verde, ou seja, com inovações ambientais recentes, ultrapassou a barreira dos 50% do total de bens comercializados entre países do mundo todo, e continua crescendo.

E quando se verifica a origem desses produtos, nota-se que  há uma relação forte e positiva entre ntre o PIB per capita dos países e indicadores de competitividade verde. Quanto maior o percentual de exportações com ecoinovações embutidas, maior tende a ser o desenvolvimento econômico.  Essa associação pode ser explicada pelo fato de que a grande quantidade de produção de conhecimento na estrutura produtiva torna as economias mais complexas e, portanto, valiosas. O investimento em ecoinovação cria um ciclo virtuoso ao criar mais riqueza, que permite dedicar mais recursos à pesquisa e desenvolvimento, e assim sucessivamente. E o meio-ambiente agradece.

Fonte: Veja Mercado.

Imagem: Sarayut Thaneerat/Getty Images.