Contradição? Maior parque eólico flutuante do mundo é inaugurado na Noruega para abastecer plataformas de petróleo e gás

O maior parque eólico flutuante do mundo foi oficialmente inaugurado nas águas da Noruega na quarta-feira (23). Mas o que seria uma notícia animadora para ambientalistas pode ganhar sabor agridoce para muitos ao saber qual será a finalidade do projeto: abastecer de eletricidade cinco plataformas offshore de petróleo e gás que funcionam na região.

O parque, chamado Hywind Tampen, é obra da Equinor, empresa norueguesa do setor de petróleo e gás. Serão 11 turbinas e 88 megawatts (MW) de capacidade, que cobrirão 35% da energia necessária para alimentar as plataformas da empresa e também de OMV e Vaar, outras petrolíferas parceiras da Equinor no projeto.

O uso da energia eólica reduzirá as emissões de CO₂ das plataformas em cerca de 200 mil toneladas por ano, segundo a Euronews. Este valor representa 0,4% do total de emissões do gás da Noruega em 2022. O país espera gerar 30 gigawatts (GW) de energia eólica offshore até 2040, o que duplicaria a atual produção de energia do país.

O projeto da Equinor tem uma novidade em relação a outros de energia eólica offshore, que costumam ser fixadas no leito oceânico: as turbinas estarão fixadas numa base flutuante – que, por sua vez, estará ancorada ao fundo do mar. Segundo especialistas do setor consultados pela Euronews, tal tecnologia é mais adequada para utilização em águas mais profundas ao longo da costa.

Críticas à empresa

Embora tenha esse papel considerado ambientalmente positivo, o projeto gerou críticas do Greenpeace devido ao baixo investimento da Equinor em transição energética. A Euronews cita um relatório da organização apontando que a companhia aplica apenas 3% do seu orçamento em “baixas emissões de carbono reais”.

A empresa, que segundo Greenpeace seria responsável por cerca de 70% da produção de petróleo e gás da Noruega, aumentou os seus lucros em 134% em 2022, em comparação com o ano anterior, beneficiada pelos preços elevados do gás na Europa em decorrência da guerra na Ucrânia. Também no ano passado, energias renováveis responderam por apenas 0,13% da produção total de energia da empresa.

O Greenpeace coloca a Equinor em sua relação da “dúzia suja” – 12 empresas petrolíferas europeias que teriam aumentado seus lucros a uma média de 75% em 2022, dando pouca atenção à transição energética. A organização reitera que a empresa norueguesa aloca apenas 3% de seu investimento total em energia de baixo carbono, abaixo da já insuficiente média de 7,3% considerando as 12 empresas.

Entretanto, a Equinor afirma estar empenhada no objetivo de ser uma empresa “net zero” até 2050. A companhia divulga o objetivo de aumentar a capacidade instalada de produção de energia renovável para até 16 GW em 2030 – em 2022 ela foi de apenas 0,6 GW. Os projetos offshore como o Hywind Tampen deverão ajudar nesse objetivo.

Fonte: Um Só Planeta, Euronews.

Foto: Ole Jørgen Bratland/Equinor.