Mais um ano encerrado, mais prejuízos causados pela intensificação de eventos extremos. Um levantamento da seguradora Munich Re estimou em US$ 120 bilhões as perdas causadas por desastres naturais ao redor do mundo só nos seis primeiros meses de 2024 – sem contar as incomensuráveis perdas humanas. Desse total, US$ 56,6 bilhões (68%) foram decorrentes de eventos climáticos extremos, como tempestades, inundações e incêndios florestais.
As perdas seguradas (ou seja, aquelas contempladas por apólices de seguro) ficaram na casa dos US$ 62 bilhões no período analisado. Esse valor é significativamente acima da média observada nos últimos dez anos (US$ 37 bilhões), segundo a seguradora.
Em escala mundial, os desastres naturais provocaram perdas econômicas superiores a US$ 258 bilhões no período. Além dos danos econômicos, deixaram 2.000 mortos, de acordo com o mais recente relatório anual da Christian Aid. Entre os eventos de maior impacto, destacam-se os furacões Helene e Milton, que juntos somaram prejuízos superiores a US$ 100 bilhões nos Estados Unidos, país que também foi responsável por três quartos do total de perdas financeiras do ano.
A Christian Aid apontou que o custo real das tragédias pode ser muito maior, especialmente em países pobres, onde a falta de seguros agrava a vulnerabilidade. O CEO da organização, Patrick Watt, ressaltou a responsabilidade humana nas mudanças climáticas. “O sofrimento humano causado pela crise climática reflete escolhas políticas. Não há nada de natural na gravidade e frequência crescentes de desastres”, disse.
A análise destacou também a crescente desigualdade nos impactos climáticos. Enquanto países desenvolvidos enfrentam perdas financeiras grandes, nações mais pobres sofrem as consequências mais devastadoras em termos humanos e sociais.
O relatório citou enchentes no Rio Grande do Sul, no Brasil, e deslizamentos de terra nas Filipinas como exemplos de desastres que deixaram comunidades inteiras desamparadas, evidenciando a necessidade urgente de mecanismos de apoio financeiro e ações de mitigação climática.
Além disso, o relatório trouxe dados alarmantes sobre os impactos futuros das mudanças climáticas. Com todos os 10 principais desastres do ano superando US$ 4 bilhões em prejuízos, a organização alertou que os custos continuarão a aumentar, especialmente se as metas globais de redução de emissões não forem cumpridas.
Watt reforçou que os líderes mundiais têm a responsabilidade de agir agora, garantindo não apenas a transição para uma economia sustentável, mas também compensações justas para as nações mais vulneráveis.
Brasil teve prejuízo de US$ 6,4 bi com desastres naturais…
O Brasil registrou perdas econômicas de US$ 6,4 bilhões causadas por desastres naturais entre janeiro e setembro de 2024, segundo o Global Catastrophe Recap Report, divulgado pela Aon nesta 2ª feira (2.dez.2024). O valor representa redução de 57% em comparação com o mesmo período de 2023, quando a seca na bacia do Rio da Prata provocou prejuízos superiores a US$ 10 bilhões.
As enchentes no Rio Grande do Sul, ocorridas entre 28 de abril e 3 de maio, geraram o maior impacto econômico do período, com prejuízos estimados em US$ 5 bilhões e 182 mortes. Brasil teve prejuízo de US$ 6,4 bi com desastres naturais. A seca causou perdas de US$ 470 milhões, enquanto as queimadas em diversas regiões resultaram em danos de US$ 360 milhões. Tempestades e outros eventos climáticos somaram prejuízos de US$ 570 milhões.
“Os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul e das queimadas reforçam a necessidade de estratégias de resiliência climática no país”, afirmou Beatriz Protásio, CEO de Resseguros da Aon no Brasil. “É necessário direcionar esforços para que infraestruturas estejam melhor preparadas diante das intempéries do clima”, acrescentou.
Influência humana nos eventos extremos:
A Dra. Mariam Zachariah, do Imperial College London, destacou a influência humana nos eventos extremos: “A maioria desses desastres mostra impressões digitais claras das mudanças climáticas.” Ela também alertou para o aumento da frequência e intensidade de secas, ondas de calor e enchentes em todo o mundo.
Ele ainda criticou a persistência na queima de combustíveis fósseis e o fracasso em cumprir promessas financeiras para os países mais vulneráveis, pedindo uma ação global urgente para conter emissões e aumentar a resiliência das nações mais afetadas.
Fontes: Um só Planeta. Climainfo.
Foto: Roosevelt Skerrit / Public Domain.
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