O desenvolvimento de novos materiais e soluções é fundamental para acelerar a transição para um modelo de vida mais sustentável. Pesquisadores, arquitetos, designers e engenheiros têm buscado encontrar novas formas de colorir produtos, construir casas, produzir itens e transformar resíduos em materiais úteis.
O portal Dezeen reuniu 10 das inovações mais significativas de 2023, incluindo uma impressora 3D que produz lã, janelas que usam água para gerar energia e revestimentos térmicos que mudam de cor. Confira:
Janelas de água
Os pesquisadores Matyas Gutai, Daniel Schinagl e Abolfazl Ganji Kheybari, da Universidade de Loughborough (Inglaterra), combinaram dois materiais onipresentes – água e vidro – de uma forma inovadora. No projeto, chamado Water-Filled Glass, as janelas recebem numa fina camada de água, que fica presa entre dois painéis de vidro.
A água absorve o calor da luz solar e a perda de calor do interior, o que ajuda o ambiente a aquecer, ao mesmo tempo que limita o ganho de calor nos meses mais quentes. Segundo os pesquisadores, a técnica pode reduzir as contas de energia de um edifício em cerca de 25% em comparação com o vidro padrão.
Roupas coloridas por bactérias
Os biólogos sintéticos Orr Yarkoni e Jim Ajioka desenvolveram uma forma de colorir roupas usando bactérias em vez de corantes químicos. A tecnologia chamada Colorifix utiliza bactérias geneticamente modificadas para produzir diferentes enzimas produtoras de cores, criando um corante compatível com as máquinas de tingimento padrão da indústria têxtil.
A técnica utiliza 77% menos água e produz 31% menos emissões de dióxido de carbono. A tecnologia também consegue ser escalável, e já está sendo usada pela varejista H&M e pela marca alternativa Vollebak.
Tijolos sustentáveis
A designer Emy Bensdorp apresentou uma série de tijolos feitos com argila ‘contaminada com PFAS’, popularmente conhecidos como ‘produtos químicos eternos’ – que são tóxicos e usados para impermeabilização e à prova de fogo. Esses produtos podem vazar e acabar contaminando solo e água.
Bensdorp descobriu que transformar esse solo contaminado em tijolos, o que exige um processo de altas temperaturas, pode eliminar os produtos químicos do material, ao mesmo tempo que transforma o solo, antes contaminado, em um material de construção útil.
Sorvete ‘de plástico’
A designer Eleonora Ortolani, formada pela Central Saint Martins (Inglaterra), criou um sorvete de baunilha que ela afirma ser o primeiro alimento do mundo feito a partir de resíduos plásticos. O doce foi feito usando uma pequena quantidade de resíduos de plástico PET e bactérias geneticamente modificadas que dão o sabor de baunilha.
Originalmente desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, o processo produz um aroma quimicamente idêntico ao de baunilha vanilina.
Revestimento ‘camaleão’ que muda de cor
Pesquisadores da Universidade de Chicago desenvolveram um material de revestimento “semelhante a um camaleão” que pode mudar sua cor infravermelha – a cor que aparece nas imagens térmicas – com base na temperatura externa. A ideia é que o material ajude a manter os edifícios mais frescos no verão e mais quentes no inverno.
O material aparece amarelo sob imagens térmicas em um dia quente porque emite calor, e roxo em dias frios, quando retém calor. Essa mudança de cor é desencadeada por um pequeno impulso elétrico, que deposita cobre em uma película fina ou a remove.
Impressora 3D de lã
O designer holandês Christien Meindertsma criou um braço robótico personalizado que funciona como uma impressora 3D que produz lã. Chamada Flocks Wobot, a impressora conecta camadas do material por meio de feltragem para criar formas tridimensionais sem a necessidade de qualquer tipo de material adicional.
Até agora, Meindertsma utilizou o robô para produzir um sofá – atualmente em exposição no V&A – mas, no futuro, ela afirma que poderá igualmente ser utilizado para criar tudo, desde isolamento a produtos acústicos.
Metais tingidos sem química
O estúdio holandês Loop Loop desenvolveu “o primeiro processo de tingimento de alumínio à base de plantas do mundo”, usando pigmentos de base biológica em vez de derivados do petróleo, segundo comunicado.
O projeto Local Colors adapta o processo tradicional de anodização, que envolve o uso de corrente elétrica para oxidar o metal, criando uma superfície porosa capaz de absorver a cor antes de ser mergulhada em uma solução de pigmento à base de água.
Bioblocos
A startup Prometheus Materials, do Colorado, desenvolveu uma “alternativa com zero carbono” aos blocos de alvenaria de concreto. No caso, eles são unidos usando microalgas em vez de cimento, que é responsável por cerca de 8% das emissões globais.
A empresa está trabalhando com o estúdio de arquitetura SOM para explorar aplicações para o material.
Couro sintético sem plástico
A startup Modern Synthesis desenvolveu uma alternativa ao couro que não leva plástico, e que pode gerar até 65 vezes menos emissões de gases de efeito estufa do que o couro real. O material é feito por bactérias que crescem em uma estrutura de fios e são alimentadas com açúcar residual de outras indústrias, convertido em um material forte e leve chamado nanocelulose.
A marca dinamarquesa Ganni já utilizou o material para criar uma versão da sua Bou Bag, que foi revelada no London Design Festival e estará disponível comercialmente em 2025.
Concreto romano
Este ano, pesquisadores do MIT e de Harvard descobriram o ‘ingrediente secreto’ encontrado no concreto romano, e que permitiu que estruturas como o Panteão permanecessem de pé por milênios. Segundo os cientistas, a diferença é que os romanos usavam cal virgem em vez da mistura encontrada no concreto moderno.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Divulgação/Water-Filled Glass.