Dia Nacional da Mata Atlântica: fatos sobre o bioma rico em fauna e flora

Em 27 de maio de 1560, José de Anchieta assinava a Carta de São Vicente, considerada a primeira descrição detalhada da Mata Atlântica de que se tem conhecimento. Nela, o padre jesuíta espanhol descreve a biodiversidade do bioma e seu uso pela população residente no território brasileiro. Desde 1999, o Dia Nacional da Mata Atlântica é celebrado nesta data, mais de 400 anos depois.

Cobertura

A Mata Atlântica está presente em 17 estados brasileiros, do Piauí ao Rio Grande do Sul, e sua vegetação também pode ser encontrada na Argentina e no Paraguai. Ela é um hostpot global de biodiversidade, ou seja, uma área rica em fauna e flora cuja preservação é de caráter urgente devido a uma ameaça de destruição.

Da cobertura original desse bioma no Brasil, restaram 24% de vegetação, mas somente 12,4% corresponde a florestas maduras e bem preservadas, uma vez que os remanescentes estão distribuídos de forma desigual e em áreas que não têm conectividade.

Desmatamento

Segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais, elaborado pela SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre outubro de 2022 e outubro de 2023, foram desmatados 14.697 hectares do bioma, o equivalente a perda de 40 hectares por dia.

O número é 29% maior do que o menor valor já observado na série histórica desde 1985, de 11.399 hectares para o mesmo período entre 2017 e 2018. Apesar disso, é 27% menor do que os valores apresentados de 2021 para 2022.

Biodiversidade

Uma pesquisa divulgada em janeiro mostrou que 82% das espécies endêmicas da Mata Atlântica estão em risco de extinção e 13 estão “provavelmente extintas”. As espécies endêmicas correspondem àquelas que ocorrem apenas nesse bioma e em nenhum outro lugar do mundo. Entre elas, estão as araucárias, descritas pelo jesuíta em 1560 como “pinheiros de altura estupenda; [que] propagam profusamente ocupando o espaço de seis ou sete milhas”.

Das mais de 15 mil plantas que o bioma abriga, 8 mil são endêmicas. Ao lado das araucárias, entram para a lista de flora ameaçada espécies vegetais como pau-brasil, palmito-juçara, jequitibá-rosa, jacarandá-da-bahia, braúna, cabreúva, canela-sassafrás, imbuia, angico e peroba.

Fauna

Na fauna atlântica, estão mais de 5% dos vertebrados do planeta. “[…] com um só golpe das unhas ou uma dentada dilaceram tudo quanto apanham; escondem as presas debaixo da terra, segundo afirmam os Índios, e aí as vão comendo até consumirem.” Foi assim que o padre Anchieta descreveu o comportamento das panteras que observou no Brasil. Hoje, sabe-se que ele se referia a onças-pardas e onças-pintadas.

A última está ameaçada de extinção devido a caça ilegal, desmatamentos e queimadas e pode ser encontrada em diversos biomas brasileiros, inclusive na Mata Atlântica. Da mesma forma, encontram-se outros animais ameaçados desse bioma, como o Mico-Leão-Dourado e o Muriqui-do-Sul.

Restauração

Na COP15, em 2022, a Mata Atlântica foi considerada prioritária para restauração florestal no mundo, e a ONU a incluiu como uma das Iniciativas de Referência da Década da Restauração de Ecossistemas, correspondente ao período de 2021 a 2030.

Fonte: Revista Galileu.

Foto: Reprodução.