Entenda com se formam as ondas gigantes de Nazaré, onde surfista brasileiro faleceu

Na quinta-feira (05), o surfista de ondas grandes Márcio Freire sofreu um acidente ao descer uma onda na praia do Norte, em Nazaré, Portugal. Segundo informações locais, Márcio chegou a ser resgatado para a praia em um jet ski, porém já estava em parada cardio-respiratória e acabou não resistindo. A praia onde Márcio faleceu é conhecida mundialmente por suas ondas gigantes e atrai surfistas dos quatro cantos do planeta que buscam descer seus famosos “paredões”.

Esta região possui uma no local há uma falha geológica no leito do oceano, que forma o “Canhão de Nazaré” – um cânion submerso com cerca de 5 km de profundidade que influencia no que acontece lá em cima, na superfície. De acordo com o Instituto Hidrográfico da Marinha de Portugal, as ondulações que chegam à zona costeira se propagam mais rápido sobre o cânion do que na plataforma continental adjacente, onde a profundidade é relativamente pequena. Essa diferença acaba separando a mesma onda em duas, uma que corre mais rápido acima do canhão e outra mais lenta, ao lado. Mas, quando duas ondas, uma de cada tipo, se encontram, acabando formando uma onda gigante.

Este processo também acontece em outros canions submarinos, mas o que parece tornar Nazaré tão particular, de acordo com o órgão, é o modo como o canhão intersecta a linha da costa na região, permitindo que ele modifique as correntes que a própria ondulação cria junto ao litoral e fazendo com que em certos períodos se desenvolva uma corrente forte que se opõe às ondas. Essa corrente que vem da praia no sentido oposto proporciona um mecanismo adicional para a amplificação da onda, que assim atinge alturas extremas.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Getty Images.