No litoral do Reino Unido, podem ser encontrados cerca de 50 mil navios naufragados, muitos dos quais estão no fundo do mar há mais de um século e representam um obstáculo para a pesca de arrasto nessa região.
Em áreas abertas a essa prática pesqueira, a densidade média da vida marinha é 240% maior nas áreas dos destroços comparado aos locais usados ativamente para a pesca no fundo do mar. Já em áreas fechadas, a abundância corresponde a 149%.
Isso é o que mostra um estudo publicado na revista Marine Ecology no último dia 22 de novembro. “O uso industrial de equipamentos de pesca rebocados pelo fundo [do mar] é comum desde 1800 e alterou significativamente as comunidades marinhas e os serviços do ecossistema”, afirma em comunicado Jenny Hickman, principal autora do estudo. “Fora da proteção legal, somente as áreas inacessíveis aos arrastões recebem alguma proteção, razão pela qual os locais de naufrágio raramente estão sujeitos à pressão de arrasto.”
A pesquisa realizada pela Universidade de Plymouth e a Blue Marine Foundation estudou a importância ecológica dos naufrágios em áreas de forte pressão pesqueira a partir de cinco navios na costa de Berwickshire, os quais acredita-se que tenham afundado entre o final do século 19 e o início do século 20.
Eles estão localizados de 47 a 17 metros abaixo da superfície do mar, tanto em áreas abertas quanto restritas ao arrasto de fundo. Para o estudo, os pesquisadores avaliaram imagens de vídeo dos destroços coletadas com o apoio de tripulações de barcos locais.
A pesquisa revela que os naufrágios podem ser levados em conta em futuros planos de conservação por oferecerem uma base para avaliar o potencial ecológico quando a pressão da pesca de arrasto é reduzida ou removida.
Emma Sheehan, professora associada de Ecologia Marinha, ressalta que ainda há muito a ser feito para atingir a meta de ter 30% do oceano protegido até 2030 estabelecida pela ONU. “Para chegarmos perto disso, precisamos de evidências detalhadas sobre o que torna nosso oceano tão especial e sobre as iniciativas existentes que estão funcionando bem.”
Fonte> Revista Galileu.
Foto: marcusrose.gue.