Mais de 1.500 espécies marinhas estão em risco de extinção, aponta nova atualização da Lista Vermelha da IUCN

Em agosto, o dugongo foi declarado funcionalmente extinto na China. Desde 2008, nenhum desses gigantes e dóceis animais foi avistado mais em águas chinesas. “Seu provável desaparecimento é uma perda devastadora. Sua ausência terá efeito na função de seu ecossistema”, lamentaram especialistas na época.

Uma espécie de tipo de peixe-boi, o dugongo (Dugong dugon) é encontrado apenas em água doce. Também é chamado de vaca marinha, tal o seu tamanho, pode pesar até 360 kg e medir 3 metros de comprimento. Entre as principais causas para o declínio de sua população estão a caça, a perda de habitat e a poluição marinha.

Além do desaparecimento na China, o dugongo é considerado criticamente em risco no leste da África e na Nova Caledônia, arquipélago no sul do Oceano Pacífico.

Assim como o dugongo, outros 1.550 animais marinhos enfrentam algum tipo de ameaça e correm risco de extinção. O alerta foi feito pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que acaba de divulgar uma nova atualização de sua Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.

O mais recente levantamento analisa 150.388 mil espécies, das quais 42.108 mil estão ameaçadas.

“A atualização da Lista Vermelha da IUCN revela uma tempestade perfeita de atividade humana insustentável dizimando a vida marinha em todo o mundo”, diz Bruno Oberle, diretor geral da organização. “Precisamos enfrentar com urgência as crises relacionadas ao clima e à biodiversidade, com mudanças profundas em nossos sistemas econômicos, ou corremos o risco de perder os benefícios cruciais que os oceanos nos fornecem”.

Segundo a nova avaliação, 41% das espécies marinhas sofrem impactos causados pela crise climática.

O relatório da IUCN cita ainda os abalones, moluscos que se agarram a rochas. Comercializados como iguarias gastronômicas, sua pesca insustentável fez com que 20 das 54 espécies globais conhecidas pela ciência se tornassem ameaçadas de extinção.

Já na Austrália, ondas de calor extremo, que fizeram com que a temperatura do mar ficasse altíssima, foram responsáveis pela morte de 99% da população do abalone de Roe (H. roei), em 2011. Enquanto isso, na Califórnia e no México, o aquecimento global aumentou a incidência de doenças entre esses moluscos, como no caso do abalone negro (H. cracherodii).

“Os abalones refletem a desastrosa proteção dos oceanos pela humanidade em um microcosmo: pesca excessiva, poluição, doenças, perda de habitat, proliferação de algas, aquecimento e acidificação, para citar apenas algumas ameaças”, afirma Howard Peters, membro do grupo de especialistas em moluscos da IUCN. “A ação mais imediata que as pessoas podem tomar é comer apenas abalones cultivados ou de origem sustentável. A aplicação de cotas de pesca e medidas anti-caça furtiva também é crítica. No entanto, precisamos interromper as mudanças na química e na temperatura dos oceanos para preservar a vida marinha, incluindo as espécies de abalone a longo prazo”.

Na África do Sul, a pesca ilegal devastou populações da espécie de abalone Haliotis midae

Outra espécie marinha que preocupa especialistas é o coral pilar (Dendrogyra cylindrus), observado em todo o Caribe, da Península de Yucatán e Flórida a Trinidad e Tobago. Infelizmente, ele passou da categoria “vulnerável à extinção” para a “criticamente em perigo” na Lista Vermelha da IUCN. Sua população diminuiu mais de 80% desde 1990 devido a uma doença altamente contagiosa.

“O pilar é apenas um dos 26 corais agora listados como criticamente ameaçados no Oceano Atlântico, onde quase metade de todos os corais estão em risco elevado de extinção devido às mudanças climáticas e outros impactos”, ressalta Beth Polidoro, pesquisadora da Universidade Estadual do Arizona e coordenadora da Lista Vermelha do grupo de especialistas em corais. “Esses resultados alarmantes enfatizam a urgência da cooperação e ação global para lidar com os impactos das mudanças climáticas nos ecossistemas oceânicos”.

Fonte: Conexão Planeta.

Foto: Ahmed Shawky/IUCN