Desastres climáticos como o que assolou o Rio Grande do Sul e já provocou destruição e mortes em São Sebastião (SP) e em Petrópolis (RJ) podem se repetir em pelo menos outros 1.942 municípios brasileiros. É o que estima a Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, órgão vinculado à Casa Civil.
Apesar de já relevante, esse número de cidades em risco pode ser ainda maior. O documento é baseado no Atlas de Desastre e Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, que compila eventos do tipo entre 1991 e 2022. Por conta disso, as informações listadas não consideram os eventos mais recentes provocados pelas mudanças climáticas principalmente no sul do país. Apenas 142 municípios gaúchos, por exemplo, constam na nota técnica. Bem abaixo do total de 450 cidades que foram afetadas pelas fortes chuvas, segundo dados da Defesa Civil do RS.
Mas, mesmo com o número subestimado, o número de pessoas que vivem nesses municípios com algum grau de risco é equivalente a 73% da população brasileira. Nas 1.942 cidades vivem 148,8 milhões de pessoas.
Um estudo desenvolvido pelo governo federal identificou que 1.942 municípios — mais de um terço do total — têm moradores em áreas consideradas suscetíveis a desastres naturais, como deslizamentos, enxurradas e inundações.
O registro é quase 140% maior do que o levantado pelo governo federal há 12 anos. À época, 821 municípios foram listados como suscetíveis a estragos causados por fenômenos naturais.
De acordo com o mais recente levantamento, revelado pelo jornal “O Globo” e obtido pelo g1, 8,9 milhões de pessoas moram em regiões consideradas de risco nessas cidades.
Os números integram um documento conjunto da Casa Civil e dos ministérios do Desenvolvimento Regional, das Cidades, da Ciência e Tecnologia, de Minas e Energia e do Meio Ambiente.
As informações devem municiar o direcionamento de recursos do governo federal para a Defesa Civil e o desenvolvimento de ações, como o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil.
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- O estudo aponta que as Regiões Sudeste e Nordeste têm o maior número de municípios com áreas de risco.
- Minas Gerais é o estado com o maior registro de cidades na lista (283), e São Paulo tem a maior população exposta a áreas suscetíveis a desastres naturais (1.552.836).
- A Região Centro-Oeste tem o menor percentual de registro de eventos e de pessoas expostas aos riscos.
Os dados utilizados pelo levantamento não consideram eventos ocorridos em 2023. Segundo o estudo, a lista de cidades com áreas de risco é “dinâmica, podendo passar por alterações à medida que novos eventos ocorram e que as bases de dados sejam atualizadas”.
Para a construção da lista, o governo levou em consideração:
– lista de municípios críticos de 2012;
– registro de óbitos entre 1991 e 2022;
– registros de eventos entre 1991 e 2022;
– desalojados ou desabrigados no período de 1991 a 2022;
– estimativa de população em áreas mapeadas com riscos geo-hidrológicos;
– vulnerabilidade a inundações da Agência Nacional de Águas;
– e dias de chuvas acima de 50 mm, de 1981 a 2022.
Orientação
Entre 1991 e 2022, o relatório aponta que foram registradas 23.611 ocorrências de desastres naturais em todo país. Os episódios levaram a 3.890 mortes e 8.226.314 desalojados ou desabrigados.
Na nota técnica que reúne as informações, os órgãos afirmam que a identificação das áreas de risco deve orientar as metas do governo federal para os próximos quatro anos e para o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em setembro passado, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que, até 2026, o Novo PAC deve destinar R$ 14,9 bilhões para a prevenção de desastres em todo o Brasil.
O programa foi lançado no último ano pelo governo federal. A previsão é que até 2026 sejam investidos R$ 1,4 trilhão em todos os estados do Brasil.
O dinheiro virá de recursos do Orçamento da União, das empresas estatais e de financiamentos; e quase a metade será fruto de investimentos do setor privado.
Fontes: g1, Contee, Poder 360.
Foto: Marinha do Brasil/Fotos Públicas.
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