Há nove anos do acidente fatal, o avião do voo Malaysia Airlines 370 (MH370) permanece desaparecido, e pouco se sabe sobre o que teria provocado a queda da aeronave e a morte de mais de 230 pessoas. Agora, um estudo revolucionário com cracas — sim, aqueles crustáceos que formam “placas brancas” em rochas, cascos de barcos ou destroços de aeronaves — pode fornecer pistas mais precisas de onde o Boeing 777 caiu.
É curioso imaginar as cracas como fonte de conhecimento, mas isso acontece por pensarmos pouco no processo que leva à formação das colônias de cracas. Tal como os anéis das árvores e os cascos das tartarugas, esses crustáceos crescem diariamente e, para isso, produzem milhares de camadas internas ao longo da vida. Estas podem revelar valiosas pistas das condições ambientais, mesmo anos depois, sobre o local de origem.
Cracas e o paradeiro do avião do voo 370
Segundo os pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida, nos EUA, a estrutura química de cada camada de uma craca é determinada pela temperatura da água circundante no momento em que ela foi formada. Dessa forma, a hipótese é de que a análise química possa fornecer detalhes, com algum grau de precisão, sobre o local da queda do avião no Oceano Índico.
Se as maiores — e as mais antigas — cracas encontradas fixas nos destroços forem estudadas, eles revelarão a temperatura da água nos primeiros dias do acidente com o avião do voo 370. Isso permitirá montar um mapa dos possíveis pontos em que a queda teria ocorrido, permitindo mais achados sobre a aeronave.
Esta análise detalhada dos destroços ainda não ocorreu oficialmente, mas os pesquisadores norte-americanos demonstraram no estudo, publicado na revista científica AGU Advances, que é possível determinar a temperatura das águas através da análise das camadas das cracas e criar um mapa mais preciso do acidente.
Mais análises dos destroços do avião
Por enquanto, os autores aplicaram o método, de forma bem-sucedida, a pequenas cracas do MH370. Só que estas eram jovens demais para revelar o passado mais antigo dos destroços, conforme explicam os pesquisadores. Neste ponto, dizem pouco sobre o local real do acidente.
“Infelizmente, elas [as maiores cracas] ainda não foram disponibilizadas para pesquisa, mas, com este estudo, provamos que este método pode ser aplicado a uma craca que colonizou os destroços logo após o acidente para reconstruir um caminho completo de volta à origem do acidente”, afirma Gregory Herbert, professor associado da universidade e um dos autores do estudo, em nota.
Se os resultados surtirem os efeitos planejados e a equipe receber autorização para analisar novas amostras, é possível que as buscas do avião, suspensas em 2017, possam ser retomadas. A vantagem é que, agora, a lista de possíveis locais será bem mais reduzida, e limitada a alguns pontos da região conhecida como Sétimo Arco do oceano.
Fontes: Terra, AGU Advances e Universidade do Sul da Flórida.
Foto: May Gauthier/Unsplash / Canaltech.