Microplásticos elevam risco de inflamação intestinal

O plástico está por todos os lugares. Estima-se que 8,3 bilhões de toneladas métricas desse material foram geradas até 2017, e esse número deve mais do que dobrar até 2050. Não bastasse, ele pode se decompor em minúsculas partículas, os microplásticos, que penetraram em fontes de água, solos agrícolas e cadeias alimentares naturais e domésticas.

A ingestão desses microplásticos não é benéfica para a saúde humana, mas pouco se sabe sobre seus efeitos no nosso organismo. Por esse motivo, pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, avaliaram como o consumo involuntário desses materiais pode afetar o intestino humano. Os detalhes foram divulgados na edição de junho da revista Nanomedicine: Nanotechnology, Biology and Medicine.

De acordo com o estudo, a maior dificuldade para compreender os efeitos dessas partículas no nosso intestino era a falta de modelos do órgão capazes de validar os dados obtidos em estudos com animais ou modelos de tecidos. Por isso, os cientistas de Tufts utilizaram organoides intestinais humanos – pequenos tecidos feitos de uma mistura de células humanas obtidas de biópsias que imitam o funcionamento de um intestino real.

“O uso de organoides nos permite estudar em detalhes os mecanismos de absorção e possíveis caminhos para a doença de uma forma que pode nos ajudar a entender os resultados variáveis ​​na literatura até agora e ter um modelo de tecido mais direto para efeitos potenciais de partículas de plástico em humanos”, diz Ying Chen, professora assistente de pesquisa em engenharia biomédica na Universidade Tufts, em nota divulgada pela instituição.

Para criar os minitecidos intestinais, os cientistas utilizaram células-tronco e, a partir delas, sintetizaram outras células funcionais que normalmente fazem parte do órgão. As células têm papéis diferentes e importantes, incluindo absorção, secreção de muco, produção de hormônios e respostas inflamatórias e imunes. Uma vez com o organoide formado, ele foi modificado para brilhar com fluorescência e, assim, facilitar o rastreamento do efeito do plástico.

Fonte: Revista Galileu.

Foto: Kindel Media/Pexels.