Microplásticos são achados no coração de pacientes durante cirurgia

Microplásticos já foram detectados em fezes, pulmões, placenta e até mesmo no ânus e vagina de humanos. Agora, pesquisadores descobriram essas partículas em amostras de tecido cardíaco coletadas de pacientes durante cirurgias no coração.

A detecção foi detalhada em um estudo publicado em julho na revista Environmental Science & Technology. Os autores da pesquisa, liderada por uma equipe da Capital Medical University, na China, coletaram amostras de tecido cardíaco de 15 pessoas durante procedimentos cirúrgicos no coração.

Os especialistas também retiraram amostras de sangue pré e pós-operatórias de metade dos participantes. Em seguida, a equipe analisou as amostras com imagens infravermelhas diretas a laser e microscopia eletrônica de varredura.

Os microplásticos, que são pedaços de plástico com menos de 5 milímetros de largura (o tamanho de uma borracha de lápis), não estavam presentes em todas as amostras de tecido cardíaco. Mas nove tipos de partículas com 20 a 500 micrômetros de largura foram encontradas em cinco tipos de tecido do coração. Isso incluiu fragmentos de tereftalato de polietileno, cloreto de polivinila e metacrilato de metila.

Já todas as coletas sanguíneas pré e pós-operatórias tinham partículas de plástico, incluindo nove tipos de microplásticos com diâmetro máximo de 184 micrômetros. Após as cirurgias, o tamanho médio dos fragmentos diminuiu, o que sugere que houve contaminação por microplástico durante as operações cardíacas.

Por outro lado, os pesquisadores apontam que a presença de metilmetacrilato em três regiões do coração (apêndice atrial esquerdo, tecido adiposo epicárdico e tecido adiposo pericárdico) “não pode ser atribuída à exposição acidental durante a cirurgia, fornecendo evidência direta de microplásticos” nos pacientes.

Apesar do número pequeno de participantes do estudo, os pesquisadores acreditam ter obtido evidências preliminares de que vários microplásticos podem se acumular e persistir no coração e em seus tecidos mais internos.

Pesquisas já mostraram que esses fragmentos podem entrar no corpo, chegando até o coração e outros órgãos, por boca, nariz e outras cavidades. Mas o novo estudo mostra que os procedimentos médicos invasivos são uma rota negligenciada de exposição a essas partículas.

“Mais pesquisas são necessárias para examinar o impacto da cirurgia na introdução de microplásticos e os efeitos potenciais dos microplásticos nos órgãos internos da saúde humana”, concluem os autores do estudo.

Fonte: Revista Galileu.

Foto: Ali Hajiluyi/Unsplash.