Encontrados no oceano, em órgãos humanos e até em nuvens, os microplásticos estão oficialmente por todo lado. Agora, cientistas encontraram essas partículas com menos de 5 milímetros em amostras de uma caverna remota no estado de Missouri, nos Estados Unidos.
“A investigação sobre microplásticos começou inicialmente no oceano devido ao problema altamente visível da grande poluição por plástico nesse ambiente. Recentemente, mais esforços de pesquisa foram direcionados ao exame de rios, lagos e outros sistemas superficiais de água doce”, explica Elizabeth Hansenmueller, professora de Ciências da Terra e Atmosféricas da Universidade de St. Louis, nos EUA, em comunicado.
Mas, segundo ela, ainda pouco se sabe sobre essa contaminação no subsolo. “Essas partículas podem estar entrando nas águas subterrâneas, um recurso comum de água potável, ou em cavernas, onde existem ecossistemas frágeis”, alerta Hansenmueller.
A caverna Cliff está fechada para visitas públicas desde 1993. Daí porque a professora escolheu o local para visitação — seria possível eliminar a presença humana como uma possível causa de qualquer contaminação microplástica ali.
A investigação constatou esses polímeros em toda a caverna, mas as concentrações mais altas estavam perto da entrada e nos sedimentos. Segundo o artigo, eles teriam vindo de inundações que se deslocam através do sistema aquífero das cavernas; quando a água recua, os plásticos microscópicos ficam presos aos sedimentos.
Outra hipótese sobre os microplásticos encontrados na entrada da caverna, segundo os autores, é que eles tenham sido levados pelo ar. Apesar de remota e fechada para visitação, a caverna está próxima de áreas residenciais que podem estar contribuindo com microplásticos para o sistema. Segundo pesquisas anteriores, a densidade populacional é o maior fator que determina onde os microplásticos são encontrados na natureza.
No caso da caverna Cliff, um dos riscos envolvidos é prejudicar a fauna, já que morcegos, anfíbios e outros animais movem-se livremente por ela. “Apenas alguns estudos avaliaram os microplásticos nesses tipos de ecossistemas subterrâneos. Portanto, nosso trabalho fornece aos gestores de recursos as informações de que necessitam para proteger esses hábitats frágeis de contaminantes emergentes como os microplásticos.”
Fonte: Revista Galileu.
Foto: Liz Hasenmueller.