Mineração de lítio é alvo de disputas geopolíticas entre principais potências mundiais

Para alcançar as metas de carbono líquido zero estabelecidas pelos países, os carros elétricos precisam representar 60% das vendas de novos veículos até 2030 e 100% até 2050, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Mas os grandes avanços necessários no setor de transportes mundial dependem da disponibilidade de lítio, um metal utilizado na produção de baterias e cujas reservas globais estão concentradas em poucos países. Austrália, Chile, China e Argentina são, respectivamente, os maiores produtores mundiais deste “ouro branco” e juntos detêm cerca de 90% da produção do planeta.

Por isso, esse mineral é foco de disputas geopolíticas entre China e Estados Unidos, as duas maiores economias do mundo e grandes produtores de veículos elétricos. Segundo o Financial Times, por meio de uma vasta rede de refinarias, a China controla cerca de 60% do processamento global de lítio, mas União Europeia e EUA estão se articulando para reduzir o poderio chinês sobre essa cadeia.

Apesar de ser um dos países mais ricos em lítio do mundo, os Estados Unidos possuem apenas uma mina, que fica no estado de Nevada, no oeste do país. Os projetos existentes para a região muitas vezes são deixados de lado por conta da relativa lentidão nas aprovações e de campanhas de ativistas ambientais que alertam para os perigos dessa atividade para a natureza e a biodiversidade.

Na Europa, os planos de abrir novas minas também é alvo de atrasos regulatórios e protestos. Enquanto isso, a China se aproveita da presença de processos menos exigentes na África e na América do Sul para garantir boa parte do seu suprimento, informa o FT. Por isso, a União Europeia vem trabalhando em novas regulações mais brandas para a exploração tanto de lítio como também de cobalto e grafite. No ano passado, uma legislação histórica aprovada pelo Congresso Nacional dos EUA incluiu descontos nos impostos em veículos elétricos que usem em suas baterias matérias-primas dos Estados Unidos ou de países com quem os norte-americanos possuem acordos. Em janeiro deste ano a GM anunciou que vai investir US$ 650 milhões em uma mina de lítio nos EUA.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Getty Images.