Desde tempos imemoriais, nosso planeta é palco de complexos processos naturais que moldaram sua estrutura. Um exemplo cativante dessa maravilha é a formação de minerais a partir de dentes de tubarão, sedimentados nas profundezas oceânicas por centenas de metros. Ao longo de milhões de anos, esses minerais se acumularam, gerando um tesouro valioso de rochas preciosas que agora se tornou o epicentro de uma acirrada disputa global: a mineração do fundo do mar e os impactos ambientais irreversíveis.
Mineração do fundo do mar: A busca pelos minerais preciosos
Nas abissais profundezas do oceano, entre 800 e 6.000 metros abaixo da superfície, se encontram vastas reservas de minerais preciosos, incluindo cobre, cobalto, níquel, zinco, prata, ouro e elementos de terras raras. Esses minerais têm papel vital na produção de tecnologias que vão de painéis solares a baterias de carros elétricos.
Enquanto defensores argumentam que esses recursos são cruciais para impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono, críticos, incluindo ambientalistas, pesquisadores e comunidades tradicionais, alertam para os possíveis impactos negativos na biodiversidade e no aquecimento global caso essa nova fronteira exploratória seja aberta sem cautela.
Riquezas ocultas nas profundezas e suas formações geológicas
Os minerais do fundo do mar existem em diferentes formações geológicas: nódulos polimetálicos, sulfetos polimetálicos e crostas de montanhas submarinas ricas em cobalto. Os nódulos polimetálicos, conhecidos por serem formados a partir de dentes de tubarão e detritos similares, agrupam-se nas planícies abissais sobre a areia.
Por outro lado, os sulfetos polimetálicos, compostos de enxofre e metais diversos, se desenvolvem ao redor de fontes hidrotermais em profundidades entre 1.000 e 4.000 metros, onde a atividade vulcânica submarina é intensa. As crostas de montanhas submarinas, localizadas entre 800 e 2.500 metros, possuem quantidades significativas de minerais valiosos, especialmente cobalto.
A era emergente da mineração submarina
Por mais que a riqueza no leito oceânico seja conhecida há algum tempo, avanços tecnológicos recentes e um crescente interesse comercial finalmente tornaram a mineração do fundo do mar uma possibilidade palpável. Entretanto, mesmo após décadas de pesquisa, o conhecimento sobre essas regiões abissais permanece limitado.
A exploração das reservas minerais no fundo do mar desencadeou um debate global complexo. Devido à localização predominantemente internacional desses minerais, a extração depende das decisões da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), uma entidade ligada à ONU.
Divisões e preocupações: desafios da mineração submarina
A mineração submarina tem gerado divisões entre nações e alianças. Países como China, Noruega, México e Reino Unido apoiam essa exploração, enquanto um grupo de 21 países, incluindo o Brasil, defende uma moratória para avaliar os impactos antes de prosseguir. No caso do Brasil, junto com outras nações, propõe-se uma pausa de pelo menos dez anos. Todavia, as preocupações ambientais relacionadas à mineração do fundo do mar são consideráveis, dada sua alta perturbação ambiental, movimentação de sedimentos e geração de resíduos.
As profundezas marinhas, abrangendo mais de 90% do ambiente marinho, desempenham um papel crucial na regulamentação planetária, absorvendo e armazenando quantidades significativas de dióxido de carbono da atmosfera. Além disso, essas áreas escondem ecossistemas únicos e formas de vida antigas adaptadas às condições extremas.
Enquanto a ciência avança e os debates prosseguem, o futuro da mineração do fundo do mar permanece incerto. O equilíbrio entre o desenvolvimento humano e a preservação do ecossistema marinho profundo, que é vital para nosso planeta, é o desafio que está à frente.
Fonte: Click Petróleo e Gás.
Foto: Reprodução Mineração Brasil.