Para cada 25 mm de redução de chuvas por ano, houve um aumento de 2% a 3% nos relatos de encontros de seres humanos com animais selvagens. Os números são resultado de um levantamento realizado por pesquisadores de duas universidades da Califórnia (EUA) – UCLA e UC Davis. No estudo, publicado recentemente no jornal Science Advances, os cientistas alertam como a proximidade com animais silvestres cresce durante épocas de seca extrema, quando há menor disponibilidade de recursos, como água e alimentos.
“As mudanças climáticas aumentarão as interações entre humanos e animais selvagens e, à medida que as secas e os incêndios florestais se tornarem mais extremos, precisamos planejar maneiras de coexistir com a vida selvagem”, diz o pesquisador Kendall Calhoun. “Os animais que entram em espaços humanos são geralmente vistos como animais selvagens tentando tomar recursos dos humanos, mas muitas vezes isso ocorre porque nós mesmos retiramos os recursos das áreas selvagens.”
Os cientistas analisaram informações de um período de sete anos, com base em um banco de dados com registros de incidentes envolvendo animais selvagens na Califórnia. Entre as espécies que mais se tornaram frequentes em quintais e jardins de moradores do estado estão leões-da-montanha, coiotes, ursos-pretos e linces.
O estudo aponta que ataques a seres humanos são extremamente raros. As denúncias que constavam no banco de dados davam conta apenas de danos materiais nas propriedades e relatos de “preocupação ou medo”.
“Não está claro se o aumento no número de relatos se deve a um maior número de conflitos percebidos subjetivamente, ou se as pessoas passam a ter uma percepção mais negativa da vida selvagem quando seus próprios recursos estão mais sobrecarregados”, destaca Calhoun. “De qualquer forma, é evidente que as mudanças climáticas acarretarão mais conflitos entre humanos e animais se não criarmos paisagens mais resilientes às mudanças climáticas para a vida selvagem.”
O pesquisador cita, por exemplo, a criação de áreas seguras para os animais, que evitariam que eles se aproximassem de regiões mais densamente povoadas pelo homem – um bom exemplo disso é o projeto de instalação de poços de água artificiais em parques nacionais da Guatemala.
Embora a pesquisa tenha focado no que acontece na Califórnia, é fato que o fenômeno pode ser extrapolado para outros países que têm sofrido também com longos períodos de estiagem e incêndios florestais, como é o caso do Brasil. Nos últimos anos foram vários os casos de onças-pintadas e outros animais encontrados em fazendas ou propriedades rurais, fugindo do fogo.
“As mudanças climáticas vão tornar as coisas mais difíceis. Mas se podemos piorar a situação, também podemos melhorá-la. As pessoas precisam se dedicar ao meio ambiente local para que a conservação funcione”, ressalta Calhoun.
Fonte: Conexão Planeta.
Foto: Kendall Calhoun


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