As alterações climáticas poderão afetar negativamente a saúde das pessoas com problemas cerebrais, segundo sugere um estudo publicado na edição de junho da revista The Lancet Neurology e divulgado nesta quarta-feira (15).
A equipe de pesquisa liderada pelo professor Sanjay Sisodiya, do Instituto de Neurologia Queen Square da University College Londres (UCL), na Inglaterra, revisou 332 artigos científicos publicados em todo o mundo entre 1968 e 2023. Os autores concluíram que temperaturas extremas e variações climáticas podem afetar pacientes com condições neurológicas e até psiquiátricas.
Dessa forma, pesquisadores consideraram 19 condições diferentes do sistema nervoso, escolhidas com base no estudo Global Burden of Disease 2016. Assim, incluindo AVC, enxaqueca, Alzheimer, meningite, epilepsia e esclerose múltipla.
“Há evidências claras de um impacto do clima em algumas condições cerebrais, especialmente acidente vascular cerebral e infecções do sistema nervoso”, disse Sisodiya, em comunicado. “A variação climática que mostrou ter um efeito sobre as doenças cerebrais incluiu extremos de temperatura, tanto baixas quanto altas, e maior variação de temperatura ao longo do dia – especialmente quando essas medidas eram sazonalmente incomuns”.
Dessa forma, o professor destaca que as temperaturas noturnas podem ser particularmente importantes. Já que o calor durante a noite pode afetar o sono — e o fato de dormir mal é conhecido por agravar várias condições cerebrais.
Problemas cerebrais
Os resultados também mostraram um aumento nas hospitalizações e mortes por AVC durante temperaturas mais altas ou ondas de calor. Além disso, os pesquisadores destacam que as pessoas com demência são vulneráveis a danos causados por extremos climáticos. Isso devido à limitação cognitiva em adaptar-se às mudanças ambientais.
Outro problema é que muitos distúrbios de saúde mental têm sua incidência, hospitalizações e risco de mortalidade. Isso tudo associados ao aumento da temperatura ambiente, às flutuações diárias de temperatura ou às temperaturas extremamente quentes e frias.
“Todo o conceito de ansiedade climática é uma influência adicional e potencialmente significativa. Muitas condições cerebrais estão associadas a um maior risco de distúrbios psiquiátricos, incluindo ansiedade. E tais multimorbidades podem complicar ainda mais os impactos da mudança climática e as adaptações necessárias para preservar a saúde”, afirma Sisodiya. “Mas existem ações que podemos e devemos tomar agora”, acrescenta.
Assim, os pesquisadores enfatizam a necessidade de manter o estudo atualizado e considerar não apenas os resultados obtidos por eles, mas também suas projeções futuras. “Este trabalho está sendo realizado em meio a uma preocupante piora das condições climáticas. E precisará permanecer ágil e dinâmico se pretende gerar informações úteis, tanto para indivíduos quanto para organizações. Além disso, há poucos estudos estimando as consequências para a saúde de doenças cerebrais sob cenários climáticos futuros, tornando o planejamento futuro desafiador”, conclui o professor.
Fontes: Revista Galileu, Sustentabilidade Brasil.
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