Sempre que se ouve falar sobre vida extraterrestre, as pessoas comuns logo pensam em seres bastante parecidos fisicamente com os humanos – ainda que tenham olhos maiores, pele esverdeada, pernas compridas, mãos com apenas dois dedos e tudo o que a imaginação permitir.
E chega a ser quase frustrante quando clicamos em uma notícia a respeito de suposta descoberta de vida alienígena e percebemos que se tratam de possíveis sinais microbiológicos ou qualquer outra coisa bem diferente do que aquilo que a vida inteira o cinema e a televisão enraizaram em nosso imaginário.
No entanto, para alegria – ou desespero – geral, existe, sim, uma procura da Nasa e de outras agências espaciais por manifestações de vida inteligente fora daqui, e não apenas por “micróbios marcianos”.
Afinal, ainda que essas pesquisas sobre vida primitiva sejam extremamente importantes para a ciência de modo geral, nós queremos saber é se algum ET barrigudinho de cabeça ovalada pode aparecer do nada em nosso quintal, acender uma luzinha vermelha na ponta do dedo e pedir carona de volta para casa no cestinho da nossa bicicleta — uma referência que faria a geração atual nos chamar de cringe.
De qualquer forma, a verdade está lá fora, e é ela que os pesquisadores da agência espacial norte-americana e do Instituto de Busca de Inteligência Extraterrestre (SETI) estão procurando.
Método é o mesmo usado na detecção de exoplanetas
Grande parte das pesquisas do Instituto SETI envolve a varredura do espaço em busca de sinais de luz e rádio como indicadores de vida extraterrestre. E, mais do que isso: ele também está procurando objetos maiores, que os astrônomos chamam de megaestruturas alienígenas.
“É essencialmente qualquer estrutura artificial construída por uma civilização inteligente, talvez para fins de colheita de energia”, disse Ann Marie Cody, cientista do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, e do Instituto SETI, em entrevista ao programa Space show, do canal Motherboard, no YouTube.
O método que Cody e seus colegas aplicam para tentar encontrar essas megaestruturas é realmente simples e amplamente usado por cientistas para descobrir exoplanetas e outros corpos celestes por décadas. Mas, com um objetivo diferente. “Procuro pelo que chamamos de assinaturas técnicas, e isso não é o mesmo que procurar por vida baseada em moléculas, estamos procurando por civilizações muito avançadas”, diz Cody.
“Olhamos para milhares — até milhões — de estrelas, tiramos imagem após imagem, então traduzimos essas imagens em uma sequência do brilho de cada estrela ao longo do tempo”, explicou Cody. “Toda vez que um objeto como um planeta passa em frente a essas estrelas, elas escurecem e criam uma assinatura de luz. Se houver uma megaestrutura artificial, isso potencialmente causará uma assinatura diferente que seria única”, acrescentou.
Para que possamos entender melhor, Cody exemplifica o que poderia ser classificado como uma megaestrutura alienígena que indicaria a existência de vida pensante. “Se um planeta emitisse um laser na direção da Terra, isso seria uma estrutura artificial, construída por seres dotados de inteligência. Usando o método de análise de bloqueio de luz, seria possível diferenciar claramente esse laser de uma estrutura natural do universo, como exoplanetas passando por suas estrelas hospedeiras”.
E tudo isso é tratado na base do “seria”, “poderia”, indicaria” porque, de acordo com a cientista, as coisas ainda não passam de suposições, ou seja, até agora, o SETI não encontrou nenhum sinal de estruturas alienígenas maciças.
Segundo Cody, se algo aparecer, os pesquisadores estarão mais que dispostos a informar o público — após uma análise minuciosa e rigorosa de suas descobertas, é claro. “Não queremos que a ciência aconteça a portas fechadas”, disse Cody. “Mas queremos que o público saiba que é um processo. Não é como se você descobrisse algo instantaneamente e lá está ele. Você tem que acompanhar e testar todas as hipóteses”.
Fonte: Olhar Digital.