Noruega anuncia retomada de ajuda financeira ao Fundo Amazônia

Nesta segunda (31), o ministro de Meio Ambiente norueguês, Espen Barth Eide, anunciou que o país europeu vai retomar as doações para o Fundo Amazônia, que estavam paralisadas desde 2019 após o governo brasileiro apresentar sugestões de mudanças na aplicação dos recursos e extinguir colegiados da gestão.

O fundo foi criado em 2008 e recebia doações de instituições e governos internacionais para financiar ações de prevenção e combate ao desmatamento na Amazônia Legal. “Tivemos uma colaboração boa e muito próxima com o governo antes de Bolsonaro e o desmatamento no Brasil diminuiu muito sob a presidência [anterior] de Lula da Silva. Aí tivemos uma colisão frontal com Bolsonaro cuja abordagem era diametralmente oposta quando se tratava de desmatamento”, disse Barth Eide à AFP.

“Em relação a Lula, nós observamos que, durante a campanha, ele enfatizou a preservação da floresta amazônica e a proteção dos povos indígenas da Amazônia”, disse Espen Barth Eide.

“Por isso estamos ansiosos para entrar em contato com suas equipes, o mais rápido possível, para preparar a retomada da colaboração historicamente positiva entre Brasil e Noruega”, acrescentou.

O país escandinavo, principal fornecedor de recursos para a proteção da floresta amazônica, suspendeu a ajuda ao Brasil em 2019, ano em que Bolsonaro assumiu a presidência.

De janeiro à 21 de outubro de 2022, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal foi de 9.277 km², a pior marca da série histórica anual do Deter, o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). A marca superou até mesmo o registrado em todo o ano de 2019, a pior taxa até então, quando os alertas deram um salto e chegaram até 9.178 km².

De acordo com o ministro, cerca de cinco bilhões de coroas suecas (US$ 483 milhões) que não foram doadas neste período de interrupção estão esperando para serem transferidas ao fundo. Em seu discurso de posse na noite de domingo (30), Lula afirmou que o Brasil estava “pronto para recuperar seu lugar na luta contra a crise climática, prometeu “lutar pelo desmatamento zero” e destacou que o planeta precisa de uma “Amazônia viva”.

Fontes: Um Só Planeta, G1, ((O))Eco, Folha SP.

Foto: Rainforest Foundation Norway / ISA Brazil.