Nos últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por cinco momentos em que a vida no planeta foi quase dizimada. Esses períodos ficaram conhecidos como as cinco grandes extinções em massa. O motivo? Fenômenos como mudanças climáticas, glaciação, vulcões e a queda de um meteoro na região do Golfo do México, que extinguiu os dinossauros há 65 milhões de anos. Estamos agora no limiar de uma nova extinção, mas dessa vez causa pela própria espécie humana. É a chamada Sexta Extinção.
De acordo com um estudo publicado no periódico científico Science Advances, o ritmo de extinção de espécies verificado no último século pode ser até 100 vezes mais rápido do que em períodos anteriores. No estudo, pesquisadores concluíram que as espécies de vertebrados extintas no último século deveriam ter levado entre 800 e 10.000 anos para desaparecer, ao invés de sumirem em apenas 100 anos, como ocorreu.
“A atividade humana, o consumo de combustíveis fósseis, a acidificação dos oceanos, a contaminação, o desmatamento e as migrações paraçadas ameaçam formas de vida de todos os tipos. Estima-se que um terço dos corais, dos moluscos de água doce, dos tubarões e das arraias, um quarto de todos os mamíferos, um quinto de todos os répteis e um sexto de todas as aves estão prestes a desaparecer”. Este impactante parágrafo do livro A sexta extinção (2015), da jornalista e vencedora do prêmio Pulitzer Elizabeth Kolbert, é um bom resumo da situação atual da biodiversidade natural no planeta Terra.
Após a publicação, a comunidade científica começou a discutir e estudar a sexta extinção. As cinco anteriores se desenvolveram nos últimos 450 milhões de anos, devido, fundamentalmente, aos meteoritos e às erupções vulcânicas. A sexta extinção, no entanto, corresponde às ações do ser humano. Um estudo da Universidade de Connecticut (Estados Unidos), publicado na revista Science, indica que as mudanças climáticas estão acelerando o processo de extinção dos animais, já que ela, por si só, causará o desaparecimento de quase 8% das espécies atuais.
Um estudo publicado em 2011 na revista científica Nature já estimava que a Sexta Extinção poderia estar em curso. De acordo com a pesquisa, paleontólogos consideram como extinções em massa quando a Terra perde mais de 75% de suas espécies em um intervalo de tempo geológico curto, situação que aconteceu apenas cinco vezes nos últimos 540 milhões de anos.
Se todas as espécies consideradas ameaçadas ou vulneráveis se tornarem extintas no próximo século, e se a velocidade continuar no mesmo ritmo, a tendência poderá se tornar uma extinção em massa entre 240 a 540 anos, aproximadamente
Uma prova concreta da redução da biodiversidade natural de nosso planeta pode ser encontrada na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), em suas siglas em inglês).
Tal listagem inclui agora, em sua edição de 2017, 87.967 espécies, das quais 25.062 estão prestes a serem extintas. Nos oceanos, apenas para dar um exemplo, o aumento da temperatura e a acidificação da água estão transformando os recifes de corais, que, no passado, eram exuberantes prados submarinos repletos de algas, peixes, moluscos e crustáceos, em desertos esbranquiçados.
Cientistas europeus, por sua vez, estudaram a redução da massa de insetos voadores nos parques naturais, e os dados falam por si só: 75% desde 1990. As mudanças climáticas e os pesticidas aparecem como as principais causas dessa queda significativa. Preocupa, e muito, a diminuição das abelhas.
O departamento de Agricultura dos Estados Unidos contabilizou 2.500.000 de colmeias em 2015 (data do último relatório) contra as mais de 5.000.000 de 1998. Quem polinizará as plantas que nos alimentam? De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 100 espécies de cultivos proporcionam 90% dos alimentos à humanidade, e 71% deles são polinizados por abelhas.
Mas, se os seres humanos foram capazes de provocar mudanças tão profundas, eles também devem ter o poder de corrigi-las. A luta contra as mudanças climáticas exige apostar na descarbonização da economia, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa. Para isso, nós precisaremos de métodos mais inteligentes e eficientes de produção energética, apostar no consumo responsável e na criação de sistemas de financiamento equitativos entre todas as energias, que não encareçam as energias limpas.
Fontes: Um Só Planeta, Iberdrola, WRI.